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Após protagonizar duas derrotas contundentes ao governo Lula nesta semana, o União Brasil decidiu antecipar sua saída oficial do Executivo federal, prevista inicialmente para o fim de setembro. Em uma decisão emergencial, a cúpula do partido determinou que todos os filiados que ainda ocupam cargos na Esplanada devem pedir exoneração em até 24 horas — sob risco de sanções internas.

A medida foi tomada após virem à tona informações de que a Polícia Federal estaria investigando possíveis vínculos do presidente nacional da legenda, Antonio Rueda, com jatos executivos usados por empresários ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a apuração, haveria indícios de que Rueda seria o proprietário oculto das aeronaves.

A reação da sigla foi imediata. Em nota oficial, a Executiva Nacional do União Brasil afirmou que a divulgação do caso “causa profunda estranheza”, especialmente por ocorrer poucos dias após o partido anunciar o desligamento de todos os seus filiados de cargos comissionados no governo federal. Para a direção da legenda, a divulgação da suposta investigação teria caráter político e retaliatório.

“O União Brasil reafirma seu compromisso com a ética, a legalidade e a independência partidária, e repudia qualquer tentativa de intimidação ou interferência nas suas decisões internas”, diz o comunicado.

A crise com o Planalto já se desenhava há semanas, mas ganhou força após o partido votar em bloco contra o governo em duas pautas consideradas prioritárias. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva interpretaram os movimentos como traição política e já consideravam o União Brasil fora da base, mesmo antes do anúncio oficial da ruptura.

A saída do União deixa o governo em situação mais delicada no Congresso, especialmente na Câmara, onde a sigla conta com cerca de 60 deputados — muitos deles agora declaradamente independentes ou oposicionistas. Parte dos cargos ainda ocupados por indicados do partido envolvia posições estratégicas em ministérios como Turismo, Comunicações e Desenvolvimento Regional.

Nos bastidores, integrantes da legenda avaliam que a ofensiva contra Rueda pode ter como objetivo enfraquecer sua liderança interna e criar instabilidade em um dos poucos partidos do Centrão que ainda mantém estrutura de poder nacional sólida.

Procurada, a Polícia Federal não confirmou a existência formal de inquérito contra Antonio Rueda, limitando-se a dizer que “não comenta investigações em andamento ou apurações preliminares”. Já o presidente do União Brasil não se manifestou pessoalmente até o momento.

Com a decisão, o União Brasil se junta a outras legendas do Centrão que optaram por uma postura mais crítica em relação ao governo Lula, num movimento que pode ter impactos significativos na articulação política do Palácio do Planalto nas próximas semanas.

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