0

O escândalo envolvendo descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas pelo INSS impactou diretamente a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como já era esperado nos bastidores de Brasília. Segundo a colunista Mônica Bergamo, pesquisas internas do governo indicam que a avaliação positiva de Lula, que vinha registrando uma recuperação lenta desde março, voltou a cair em maio após a revelação do esquema fraudulento.

As sondagens mostram uma reversão significativa no cenário: o percentual de eleitores que consideram o governo “ruim ou péssimo” voltou a superar o daqueles que o classificam como “bom ou ótimo”. No último levantamento do Datafolha, o governo havia alcançado 29% de avaliação positiva, ante 24% em pesquisas anteriores. Agora, a maré virou mais uma vez. “Caiu tudo de novo”, lamentou um dirigente do PT, resumindo o impacto do caso.

A expectativa é de que os próximos levantamentos dos institutos Datafolha, Quaest e Ipec confirmem essa nova retração, consolidando um momento delicado para o Planalto. Apesar disso, estrategistas ligados ao presidente mantêm o otimismo e acreditam que Lula ainda tem tempo para se recuperar politicamente até 2026, contando com a força da máquina pública e o carisma que ainda conserva em parte significativa do eleitorado.

Enquanto o governo federal enfrenta desgaste, a oposição ensaia seus passos em direção a 2026. Em Nova York, durante a Brazilian Week organizada pelo grupo Lide, governadores alinhados à direita e tidos como potenciais presidenciáveis — como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) — se encontraram em um ambiente descrito como um verdadeiro festival da oposição. O tema dominante foi a eleição presidencial. De acordo com a colunista Renata Agostini, a proposta de acabar com a reeleição ganhou força entre os presentes, que veem na mudança uma oportunidade para ampliar a alternância de poder e fortalecer candidaturas emergentes.

Do lado governista, o presidente Lula já começou a planejar o futuro de sua base: pediu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que deixe o cargo em abril de 2026 para disputar uma vaga, possivelmente ao Senado por São Paulo, conforme apurou a jornalista Malu Gaspar.

No centro da crise, o INSS começou a notificar nesta terça-feira cerca de 9 milhões de beneficiários que tiveram descontos feitos em favor de entidades associativas. Os segurados devem acessar o aplicativo Meu INSS para informar se autorizaram ou não os débitos. As entidades terão 30 dias para apresentar provas dessas autorizações; caso contrário, precisarão devolver os valores cobrados.

Para o especialista Rômulo Saraiva, o debate político em torno do escândalo revela uma disputa por narrativas, com partidos de esquerda e direita tentando apontar culpados, quando na verdade a prática irregular transcende governos e ideologias. “Desde 1947 já se pedia CPI para apurar irregularidade previdenciária”, lembra.

O episódio reacende discussões antigas sobre a fragilidade do sistema previdenciário e suas vulnerabilidades frente a fraudes. Enquanto o governo tenta conter os danos, o xadrez eleitoral de 2026 começa a se mover com mais intensidade.

Virgínia Fonseca depõe na CPI das Bets e nega irregularidades com casas de apostas

Artigo anterior

Hugo Motta Entra com Recurso no STF para Defender Ramagem, Apesar de Baixas Chances de Sucesso

Próximo artigo

Você pode gostar

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais sobre Política