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Às vésperas do julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por participação em uma tentativa de golpe de Estado, Donald Trump inflamou a cena política brasileira e acirrou tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Em postagens feitas neste domingo (30) em sua rede social, a Truth Social, o ex-presidente americano acusou o Judiciário brasileiro de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro e seus apoiadores.

“Bolsonaro não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo brasileiro”, escreveu Trump. Sem citar nomes, ele insinuou que há um processo político em curso para minar o ex-presidente. “O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelo voto do povo brasileiro”, afirmou, em uma crítica indireta ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, particularmente, ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

As declarações irritaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, durante a cúpula dos Brics no Rio de Janeiro, rebateu: “O Brasil não aceitará interferência ou tutela de quem quer que seja”. Nas redes sociais, Lula reiterou que as instituições brasileiras são sólidas e independentes, e que “ninguém está acima da lei, sobretudo aqueles que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”.

O STF, por sua vez, decidiu não emitir nota oficial. Ministros da Corte avaliaram que as declarações de Trump estão no campo político, cabendo ao Executivo a resposta diplomática.

Na ala bolsonarista, porém, o gesto foi recebido com entusiasmo. Bolsonaro agradeceu publicamente a Trump, dizendo que ambos são vítimas de perseguição política. Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, insinuou que novas manifestações do governo americano podem ocorrer, sugerindo até sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, repostou a publicação e defendeu que Bolsonaro “seja julgado apenas pelo povo brasileiro”.

Apesar de Lula criticar a interferência estrangeira, o próprio presidente já deu declarações sobre a política interna de outros países, como sua preferência pela reeleição de Joe Biden nos Estados Unidos, seu apoio à ex-presidente Cristina Kirchner na Argentina e declarações públicas em defesa de Nicolás Maduro, na Venezuela.

O episódio reforça a crescente politização do processo judicial contra Bolsonaro e aprofunda o risco de uma crise institucional com repercussões internacionais.

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