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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu tensões diplomáticas com o Brasil ao anunciar, na noite desta terça-feira (15), a abertura de uma investigação por supostas “práticas comerciais desleais”, que pode culminar na imposição de novas sanções tarifárias contra o país. A medida, anunciada pelo representante comercial americano Jamieson Greer, ocorre em meio ao agravamento do cenário político interno brasileiro e pressões externas envolvendo o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo Greer, a ação tem como base “ataques do Brasil contra empresas americanas de mídia social”, mas nenhum dado concreto ou prova foi apresentado. A medida intensifica a retórica de Trump contra o Brasil, dias após o republicano já ter anunciado tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, em clara resposta ao processo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro e à regulamentação de redes sociais em curso no país.

Quando questionado sobre os motivos da escalada comercial, Trump foi direto:

“Porque eu posso. Ninguém mais seria capaz”, respondeu, em tom provocativo.
Em seguida, voltou a defender Bolsonaro, dizendo enxergar no processo contra o aliado uma “caça às bruxas”.

Brasil busca negociação para evitar retaliação

Diante da ameaça de um conflito comercial em larga escala, o governo brasileiro — por meio do vice-presidente Geraldo Alckminse apressa em reabrir os canais de diálogo com Washington, priorizando uma abordagem técnica e econômica. Alckmin declarou que o Brasil tentará resolver a crise antes de 1º de agosto, quando as sobretaxas entram em vigor. Empresários do setor industrial e do agronegócio pressionam por uma solução rápida e pedem que o Brasil não adote retaliações imediatas.

O Itamaraty também irá atuar diplomaticamente, encaminhando uma carta oficial a Trump, assinada por Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira. O texto reforça que o Brasil mantém independência entre os Poderes e que não há qualquer base econômica para a imposição das tarifas. O tom da correspondência seguirá o posicionamento já expressado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que evitou vincular decisões judiciais à política externa.

Tarcísio tenta intermediar, Eduardo Bolsonaro ataca

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também se movimentou para mitigar os danos. Em encontro com empresários paulistas, que contou com a presença do encarregado de negócios da embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar, Tarcísio defendeu o diálogo e sugeriu pressão sobre o Congresso dos EUA como forma de barrar a iniciativa tarifária.

Contudo, a tentativa de moderação foi rebatida por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado licenciado e filho do ex-presidente, que atacou Tarcísio nas redes sociais, chamando-o de “subserviente às elites”. A crítica gerou desconforto, e o próprio Jair Bolsonaro tentou minimizar a situação, atribuindo o episódio à “imaturidade” do filho.

Impactos e riscos

A nova frente de atrito com os Estados Unidos ocorre em um momento de vulnerabilidade para o Brasil, que depende do comércio com o mercado americano para setores estratégicos. A imposição de tarifas pode afetar exportações agrícolas, siderúrgicas e industriais, impactando diretamente cadeias produtivas e o mercado de trabalho.

No plano político, a crise escancara o desafio do governo Lula em manter a estabilidade diplomática diante de um cenário internacional instável e de uma oposição que busca internacionalizar os efeitos do processo contra Bolsonaro.

Com a escalada do tom em Washington, o Brasil agora se equilibra entre manter a defesa do Estado democrático de Direito e evitar prejuízos econômicos severos, em uma das situações mais delicadas do atual governo no plano externo.

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