0

Com menos espaço para carros e mais áreas verdes, capital francesa respira melhor após duas décadas de transformação urbana

Nas últimas duas décadas, Paris passou por uma verdadeira revolução em sua paisagem urbana — e os resultados agora podem ser vistos não apenas nas ruas, mas também no ar. Segundo um estudo recente do Airparif, grupo independente responsável pelo monitoramento da qualidade do ar na região parisiense, a cidade conseguiu reduzir em 55% a concentração de partículas finas (PM 2,5) e em 50% os níveis de dióxido de nitrogênio (NO₂) desde 2005.

Esses resultados são fruto de uma política contínua de requalificação do espaço urbano, que tem priorizado ciclovias, transporte público e áreas verdes em detrimento de ruas e estacionamentos dedicados a automóveis. A mudança no perfil da mobilidade e do uso do solo impactou diretamente os indicadores ambientais, tornando Paris uma referência mundial em planejamento urbano sustentável.

Os mapas de calor divulgados pelo Airparif ilustram de forma clara essa transformação. Enquanto em 2007 a cidade era dominada por tons de vermelho — indicando níveis elevados e preocupantes de poluição, acima dos limites estabelecidos pela União Europeia —, em 2024 o cenário é outro: as áreas verdes se expandem e mostram a significativa melhoria na qualidade do ar.

Urbanismo verde como política de saúde pública

A diminuição drástica dos poluentes coincide com políticas implantadas especialmente a partir da década de 2010, como a restrição à circulação de veículos a diesel, a criação de “zonas de baixa emissão” e o incentivo ao uso de bicicletas, com a ampliação da malha cicloviária. Iniciativas como a “Cidade dos 15 Minutos”, proposta pela prefeita Anne Hidalgo, também contribuíram para descentralizar serviços e reduzir deslocamentos motorizados.

“O que estamos vendo é um reflexo direto da mudança na lógica de ocupação urbana. Reduzir o espaço dedicado aos carros foi fundamental para tornar Paris mais respirável”, explicou um porta-voz do Airparif.

Exemplo para outras metrópoles

Além de benefícios ambientais, a transição para uma cidade menos motorizada também tem impactos positivos na saúde pública, no bem-estar da população e até na economia local, com o fortalecimento do comércio de bairro. Especialistas apontam Paris como um modelo que pode ser replicado em outras grandes metrópoles que enfrentam altos níveis de poluição e congestionamento.

A experiência parisiense mostra que mudanças estruturais no desenho urbano, aliadas a políticas consistentes e de longo prazo, podem reverter décadas de degradação ambiental e transformar o modo como as cidades são vividas. Em tempos de crise climática e desafios sanitários, a capital francesa prova que respirar melhor começa por mudar a forma como se ocupa o espaço.

Artigos Mais Citados do Século 21 Destacam Ferramentas de Pesquisa, Não Descobertas Científicas, Revela Nature

Artigo anterior

OpenAI Desenvolve Protótipo de Rede Social com IA para Geração de Imagens, Diz The Verge

Próximo artigo

Você pode gostar

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais sobre Notícias