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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou públicos os vídeos e áudios da delação de Mauro Cid, elemento central da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro e outros 33 aliados do ex-presidente. Em uma audiência para analisar a validade do acordo de colaboração, Moraes cobrou que o militar apresentasse “fatos” e alertou que essa era a “última chance de o colaborador dizer a verdade sobre tudo”. O ministro também destacou que a delação não pode ser “seletiva e direcionada”, servindo para “proteger alguns e prejudicar outros”.

Nos vídeos, Cid relatou uma reunião na casa do general Braga Netto, onde militares discutiram formas de gerar caos por meio da mobilização popular. Em outro trecho, afirmou que o general Augusto Heleno estava preocupado com a saúde mental de Bolsonaro e lhe pediu “várias vezes” para dormir com o ex-presidente no Palácio da Alvorada. Segundo Cid, Bolsonaro mantinha esperanças de um golpe de Estado: “Ele ainda mantinha a chama acesa de que pudesse acontecer alguma coisa”.

A delação também revelou que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, a elaborar um relatório apontando fraude nas urnas eletrônicas. Além disso, o ex-presidente teria tido acesso à minuta de um decreto que previa a anulação das eleições e a convocação de um novo pleito. O jurista Amauri Saad, ligado ao governo, teria participado de reuniões sobre esse documento.

Cid também mencionou a influência do agronegócio na tentativa golpista, afirmando que houve pressão do setor para a execução do plano e financiamento de acampamentos de bolsonaristas próximos a quartéis. Contudo, ele negou que integrantes do governo e das Forças Armadas tivessem conhecimento prévio dos atos do 8 de Janeiro.

A defesa de Bolsonaro, representada pelo advogado Celso Vilardi, anunciou que pedirá a anulação da delação, criticando a condução de Moraes durante os depoimentos. “O ministro marcou uma audiência para salvar a delação. Pode isso? O juiz da causa pode dizer para o colaborador que se ele não falar a verdade ele vai ser preso e perde a imunidade para sua família?”, questionou Vilardi, comparando o caso às decisões anuladas da Operação Lava Jato.

Em um evento do PL em Brasília, Bolsonaro reagiu à denúncia da PGR de forma desdenhosa: “Caguei para prisão”. O ex-presidente afirmou que está com a “consciência tranquila” e assistiu a um vídeo editado no qual Lula diz que Bolsonaro não voltará ao poder se a esquerda construir uma “boa narrativa”.

A defesa do ex-presidente solicitou a ampliação do prazo para sua manifestação sobre a denúncia, alegando complexidade do processo e indisponibilidade completa dos autos. Moraes, no entanto, negou o pedido, argumentando que a solicitação “carece de previsão legal”.

Enquanto a denúncia reforça elementos incriminadores contra Bolsonaro, alguns trechos da delação de Cid foram omitidos, como a dúvida do militar sobre o conhecimento do ex-presidente a respeito do plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do próprio Alexandre de Moraes. Segundo Cid, ele não sabia se Bolsonaro chegou a tomar ciência do documento, mas a PGR sustenta que o ex-presidente tinha conhecimento e autorizou o plano.

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