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Enquanto o Brasil enfrenta uma crise institucional sem previsão de solução imediata, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou para Buenos Aires, onde assumiu a presidência rotativa do Mercosul. A cerimônia de transferência ocorreu durante a reunião de cúpula do bloco sul-americano, que reuniu os chefes de Estado dos países-membros.

No evento, Lula substituiu o presidente argentino Javier Milei, considerado o principal antagonista de seu governo nas Américas. Embora não tenham tido um encontro reservado, os dois líderes divergiram publicamente sobre os rumos do bloco, ainda que sem confronto direto.

Em seu discurso, Lula fez uma defesa enfática do Mercosul como espaço de integração e pediu o fortalecimento do uso de moedas locais nas transações comerciais, minimizando a dependência do dólar. “Precisamos avançar em instrumentos financeiros que favoreçam o comércio entre nossos países com o uso de moedas locais”, declarou. O presidente também defendeu que, após anos de negociações com a União Europeia, o bloco deve agora voltar seus olhos para a Ásia, “centro dinâmico da economia mundial”.

Milei, por sua vez, fez críticas duras à estrutura do Mercosul, que classificou como “burocrática” e responsável por limitar a liberdade econômica dos países membros. “O bloco impõe uma cortina de ferro, prejudicando os cidadãos em benefício de setores privilegiados”, afirmou o argentino.

Lula optou por não responder diretamente às críticas de Milei, mas defendeu que a América do Sul é uma área de livre comércio com regras claras. Disse ainda que a presidência brasileira no Mercosul terá como pilares o combate às mudanças climáticas e ao crime organizado. “A América do Sul tem tudo para ser o coração da transição verde”, afirmou.

A visita à Argentina também incluiu um gesto político simbólico. Lula esteve com a ex-presidente Cristina Kirchner, condenada à prisão domiciliar por corrupção. O encontro durou cerca de uma hora e foi divulgado nas redes sociais do presidente brasileiro. “Fui prestar minha solidariedade a Cristina e a tudo o que tem vivido”, escreveu.

Na sequência, Lula retornou à embaixada brasileira, onde manteve reuniões bilaterais com os presidentes da Bolívia e do Panamá, além de se encontrar com o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel.

A presença do presidente brasileiro em Buenos Aires reforça sua estratégia de reaproximação regional e defesa de uma integração baseada na cooperação política, econômica e social, mesmo diante de desafios diplomáticos e tensões ideológicas no próprio bloco.

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