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A semana começou com uma sucessão de derrotas para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional. Após o revés na votação pela urgência da Medida Provisória que propõe o aumento do IOF, a terça-feira (17) trouxe novo desgaste: deputados e senadores derrubaram vetos presidenciais em uma lei que trata da regulamentação da energia eólica offshore — medida que pode gerar um impacto bilionário na conta de luz da população.

Lula havia vetado dispositivos conhecidos como “jabutis”, incluídos no projeto durante sua tramitação. Com a derrubada, estima-se que os brasileiros deverão arcar com R$ 200 bilhões a mais nas tarifas de energia ao longo dos próximos 25 anos, segundo cálculos técnicos do próprio governo. A decisão do Congresso representa mais uma afronta ao Planalto, que tem enfrentado resistência até mesmo de partidos da base aliada.

Além disso, outros vetos relevantes também foram rejeitados, entre eles os que impediam indenizações para crianças com microcefalia vítimas do Zika vírus e a taxa de avaliação e registro de agrotóxicos. O Congresso ainda optou por adiar a análise de 30 vetos, incluindo pontos sensíveis da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025.

Ainda na terça-feira, o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os partidos devem indicar os membros nas próximas semanas, e o governo tenta assegurar o comando da comissão, mirando a presidência e a relatoria.

Em contraste com o ambiente tenso em Brasília, o presidente Lula participou da cúpula do G7 no Canadá, onde posou ao lado de líderes mundiais. No entanto, sua presença internacional gerou críticas internas, sobretudo após cancelar uma reunião bilateral com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, marcada para discutir a guerra contra a Rússia. O gesto foi interpretado como um sinal de prioridades desalinhadas, em meio à crise política no país.

A comentarista Vera Magalhães, da CNN Brasil, avaliou que o governo chega ao fim do primeiro semestre sem vitórias relevantes no Legislativo:

“Lula não tem sequer uma boa notícia para comemorar no primeiro semestre de 2025. Só liberar as emendas, agora, parece pouco diante de um quadro em que deputados e senadores parecem não acreditar mais nas chances de reação do presidente e de seu combalido exército.”

Com dificuldades de articulação e sob pressão por liberação de emendas parlamentares, o Palácio do Planalto tenta reorganizar sua base para evitar que as derrotas virem rotina em um segundo semestre que tende a ser ainda mais desafiador.

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