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A semana termina com um acúmulo de más notícias para o governo Lula, que se vê isolado politicamente, pressionado economicamente e com popularidade em queda. Em rota de colisão com o Congresso, o Planalto assiste, sem muito poder de reação, à ofensiva do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), contra a medida provisória que altera as regras do IOF e aumenta impostos sobre investimentos no setor financeiro.

Menos de 24 horas após a publicação da MP, Motta pautou um requerimento de urgência para esta segunda-feira (1º), que pode levar a proposta diretamente ao plenário, sem necessidade de tramitação em comissões. A base governista teme uma derrota expressiva — e cogita, como resposta, a suspensão do pagamento de emendas parlamentares, cujos atrasos já têm gerado queixas entre deputados.

O embate escalou quando Motta retirou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) da relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), posição estratégica para a elaboração do Orçamento de 2026. Após pressão do Centrão, a função deve ser assumida por Gervásio Maia (PSB-PB), integrante da base aliada, mas fora do núcleo petista.

Como agravante, duas pesquisas divulgadas quase simultaneamente acentuaram o desgaste político. No Datafolha, 40% dos entrevistados consideram o terceiro mandato de Lula ruim ou péssimo, enquanto apenas 28% classificam o governo como ótimo ou bom. Já o levantamento Ipsos/Ipec apresenta números semelhantes: 43% de reprovação, 29% de avaliação regular e 25% de aprovação.

Diante da crescente pressão, o presidente Lula reagiu em tom desafiador. Durante evento que selou um acordo de reparação pela tragédia de Mariana (MG), reconheceu o momento difícil no Congresso, mas mandou um recado à oposição: “Um cara filho da Dona Lindu virar presidente só pode ser milagre. Se preparem, esse país não vai cair na mão da extrema direita”.

Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ficou com a tarefa de defender as mudanças no IOF. Em discurso incisivo, afirmou que o aumento de impostos vai atingir apenas os mais ricos e que o Brasil “não aguenta mais” conceder isenções fiscais bilionárias ao mercado financeiro, que somariam R$ 1,7 trilhão. Ainda assim, o ministro tem sido deixado sozinho na linha de frente das negociações, como observou a colunista Malu Gaspar: “Haddad apanha sozinho do Congresso porque Lula resiste a cortar gastos”.

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