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Ex-diretor da PRF confirma ordem do Ministério da Justiça para blitz em ônibus durante eleições de 2022

O ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, confirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a corporação recebeu ordens do Ministério da Justiça para realizar blitz contra ônibus e vans durante o segundo turno das eleições de 2022.

A declaração foi feita nesta semana durante seu depoimento como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, no âmbito do processo que apura a tentativa de golpe de Estado e interferência no processo eleitoral.

Segundo Moura, o comando da operação foi para fiscalizar eventuais transportes irregulares de eleitores partindo de São Paulo e de estados do Centro-Oeste, e não com a intenção de impedir o acesso de eleitores aos locais de votação. Ainda assim, as ações da PRF no dia da eleição geraram forte repercussão pública, principalmente no Nordeste, onde eleitores relataram demoras, retenções e dificuldades para chegar às urnas.

Contexto do julgamento

O depoimento de Djairlon Moura faz parte da linha de defesa de Anderson Torres, que tenta se desvincular das acusações de que a estrutura do Ministério da Justiça teria sido usada para favorecer Jair Bolsonaro e prejudicar o exercício do direito ao voto por parte da população, sobretudo nas regiões onde o então presidente tinha desempenho eleitoral mais fraco.

O julgamento da trama golpista investiga uma rede de ações orquestradas por autoridades e militares para tentar reverter o resultado das urnas e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os pontos sob apuração estão a minuta de golpe encontrada na casa de Torres, a omissão em relação aos atos de 8 de janeiro de 2023 e as ações irregulares da PRF no dia do segundo turno.

Ações da PRF nas eleições sob suspeita

As blitz realizadas pela PRF em 30 de outubro de 2022, data do segundo turno, foram duramente criticadas por organizações da sociedade civil, políticos e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, chegou a determinar que não houvesse qualquer operação que impedisse o livre trânsito de eleitores — ordem que teria sido ignorada em diversas ocasiões.

O episódio levou à abertura de inquérito para apurar eventual abuso de poder e tentativa de interferência no processo eleitoral, e é uma das peças centrais nas investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo STF sobre a tentativa de subversão democrática em 2022.

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