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A desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), Iris Medeiros Nogueira, continua recebendo salários significativamente acima do teto constitucional do funcionalismo público, mesmo após vencer uma ação judicial contra o jornal Zero Hora, que havia divulgado seus rendimentos em uma reportagem de abril de 2023. À época, o jornal revelou que a magistrada recebeu R$ 662 mil naquele mês — valor que inclui uma série de benefícios, retroativos e verbas complementares.

Em abril deste ano, Iris Nogueira voltou a figurar entre os membros do Judiciário com os maiores vencimentos no país, ao registrar rendimentos de R$ 152 mil, segundo dados disponíveis no portal da transparência. O valor excede, em mais de três vezes, o teto salarial estabelecido pela Constituição, de R$ 46.366,19 — limite correspondente ao salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O caso da desembargadora ganhou notoriedade após ela processar o jornal Zero Hora, alegando danos morais pela publicação de seus vencimentos — embora tais informações sejam, por lei, públicas. A vitória na Justiça não impediu a continuidade dos pagamentos acima do teto, evidenciando um problema estrutural no sistema de remuneração do Poder Judiciário.

A legislação prevê o chamado “abate-teto”, mecanismo que deveria limitar os rendimentos mensais de servidores públicos, inclusive magistrados. No entanto, a proliferação de verbas indenizatórias, retroativos e auxílios de natureza variada tem permitido que membros da magistratura recebam valores muito além do permitido pela Constituição, sem que isso seja formalmente enquadrado como ilegal.

O episódio alimenta uma crescente crise de credibilidade do Judiciário brasileiro, alvo de críticas por parte da sociedade civil e de especialistas em administração pública e controle de gastos. A prática, embora amparada por decisões administrativas internas e interpretações legais, esbarra em um debate mais amplo sobre moralidade, transparência e equidade no serviço público.

A situação da desembargadora Iris Nogueira ilustra o dilema: mesmo em meio a escândalos de remunerações fora do padrão e contestação pública, não há hoje um mecanismo efetivo de controle que impeça a continuidade desses pagamentos.

A crise, portanto, não é apenas orçamentária, mas institucional. E, como apontam analistas, cabe ao próprio Judiciário liderar a reforma de suas práticas, sob risco de continuar perdendo legitimidade diante da opinião pública.

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