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Advogados que atuam na defesa dos principais réus investigados por participação em uma suposta trama golpista avaliam que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve ser preso até outubro deste ano. A expectativa é de que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), apresente a sentença condenatória já em agosto, o que abriria espaço para a apresentação de embargos por parte da defesa durante o mês de setembro. De acordo com os cálculos dos defensores, o parecer definitivo sairia no início de outubro, quando a prisão de Bolsonaro seria efetivada.

Embora considerem a condenação inevitável no atual contexto, os advogados não encerram a disputa jurídica. A estratégia é preparar um pedido de revisão criminal, recurso previsto na legislação brasileira que permite a reanálise de uma sentença mesmo após o trânsito em julgado. A defesa aposta em mudanças políticas futuras. “É uma maratona. Em dois anos, a composição do Supremo pode ser outra e o Brasil ter um governo de direita”, afirmou um dos advogados, sob condição de anonimato.

Enquanto a pressão jurídica avança, os olhos das Forças Armadas voltam-se para o papel de antigos membros da caserna no processo. Segundo fontes militares, houve certo alívio ao ver o tenente-coronel Mauro Cid — ex-ajudante de ordens de Bolsonaro — prestando depoimento sem o uso da farda. Por outro lado, o clima foi de constrangimento diante das respostas evasivas do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que se limitou a responder às perguntas de seu próprio advogado.

No meio militar, o depoimento considerado menos confiável foi o do general da reserva Braga Netto, que também ocupou altos cargos no governo Bolsonaro, incluindo o de ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de 2022. Sua atuação perante os investigadores gerou desconfiança, especialmente entre generais da ativa que acompanham o desenrolar do processo com preocupação e discrição.

O avanço do julgamento, somado à repercussão nos bastidores políticos e militares, reforça o clima de instabilidade em torno do futuro do ex-presidente e do grupo que o cercava nos últimos anos de governo. O mês de outubro, segundo os próprios aliados jurídicos de Bolsonaro, pode marcar um dos capítulos mais críticos de sua trajetória política e pessoal.

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