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Cerca de uma em cada 23 adolescentes brasileiras, entre 15 e 19 anos, torna-se mãe a cada ano — um índice alarmante que evidencia os desafios da saúde pública e da educação sexual no país. Os dados são de um levantamento realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em parceria com a organização da sociedade civil Umane, divulgado nesta terça-feira.

O número contrasta fortemente com o cenário observado em países mais ricos, onde a proporção é de apenas uma adolescente mãe para cada 90 jovens da mesma faixa etária. A disparidade ressalta a urgência de políticas públicas efetivas e integradas que garantam acesso a informação, saúde sexual e reprodutiva, especialmente entre as populações mais vulneráveis.

Entre 2020 e 2022, o Brasil contabilizou mais de 1 milhão de partos de mães adolescentes entre 15 e 19 anos. Ainda mais preocupante, foram registrados 49 mil partos entre meninas de 10 a 14 anos — idade em que, segundo a legislação brasileira, qualquer relação sexual com penetração configura estupro de vulnerável.

Especialistas alertam que a gravidez precoce compromete não apenas o desenvolvimento físico e emocional das jovens, mas também afeta suas trajetórias educacionais e profissionais, perpetuando ciclos de pobreza e exclusão. Além disso, os riscos à saúde tanto da mãe quanto do bebê são significativamente maiores em gestações na infância e adolescência.

O estudo reforça a necessidade de ampliar o acesso a métodos contraceptivos, garantir educação sexual nas escolas e fortalecer redes de proteção contra a violência sexual. Para os pesquisadores da UFPel, o enfrentamento da maternidade precoce precisa ir além do setor da saúde, envolvendo também educação, assistência social e justiça.

A pesquisa reacende o debate sobre como o Brasil lida com questões estruturais de desigualdade, machismo e falta de informação — fatores que, juntos, seguem impactando diretamente a vida de milhares de meninas e jovens todos os anos.

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