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Em meio a escalada de tensão diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos, uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, acendeu novos alertas em Brasília e no mercado financeiro. A medida foi vista por uma ala do governo e do Judiciário como mais um passo em direção ao confronto direto com Washington. Outra vertente, no entanto, criticou a resposta dos principais bancos brasileiros, acusando-os de falta de firmeza ao sugerirem aos ministros do STF que migrassem suas contas para cooperativas de crédito, como forma de contornar possíveis sanções internacionais.

A repercussão no mercado foi imediata e severa. Em um dia de forte turbulência, as ações dos principais bancos do país despencaram na Bolsa de Valores de São Paulo. No total, foram R$ 41 bilhões em valor de mercado evaporando. O Itaú Unibanco liderou as perdas, com queda superior a R$ 15 bilhões, seguido por Banco do Brasil e BTG Pactual, que amargaram recuos de R$ 7 bilhões cada.

Segundo a jornalista Malu Gaspar, a maior preocupação dos agentes financeiros não é exatamente com a decisão de Dino — já que, em tese, ela apenas reafirma que decisões estrangeiras não têm validade no Brasil sem chancela da Justiça nacional. O problema central, segundo ela, é contratual: os bancos têm acordos com instituições estrangeiras que podem ser cancelados ou resultar em multas pesadas caso ignorem sanções como as da Lei Magnitsky.

O despacho de Dino foi publicado poucos dias após a viagem do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do blogueiro Paulo Figueiredo aos Estados Unidos. Lá, eles se reuniram com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, e, segundo relato de Figueiredo ao UOL, criticaram os bancos brasileiros por não aplicarem com rigor a referida lei contra o ministro Alexandre de Moraes, também do STF.

O clima de tensão ganhou um novo e enigmático capítulo nesta terça-feira, quando um avião do governo dos Estados Unidos, sem identificação oficial, pousou em Porto Alegre e seguiu, à noite, para o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A aeronave, um Boeing utilizado em missões especiais e frequentemente associada à CIA, despertou especulações. Até o momento, não há confirmação sobre a natureza da operação no território brasileiro.

Apesar do embate crescente com Washington, o governo Lula teve um respiro positivo: os Estados Unidos aceitaram o pedido brasileiro de consultas na Organização Mundial do Comércio (OMC), num gesto diplomático que, embora formal, foi bem recebido em Brasília.

Outro alívio para o Planalto veio da opinião pública. A nova rodada da pesquisa Genial+Quaest apontou uma recuperação na popularidade do presidente Lula. A desaprovação, que em maio era de 57%, caiu para 51%, enquanto a aprovação subiu de 40% para 46%, indicando uma reversão na tendência negativa e fechando parcialmente a “boca do jacaré” entre os dois índices.

Com a arena política e diplomática em ebulição, o Brasil segue em um xadrez delicado, onde decisões jurídicas, interesses econômicos e pressões internacionais se entrelaçam de forma cada vez mais explosiva.

Selecionados nos programas CNH da Gente e CNH na Escola devem entregar documentação até o próximo dia 29

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