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Em depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (29), o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima revelou que o plano para prender ministros da Suprema Corte, encontrado em sua residência durante operação da Polícia Federal, foi elaborado pela inteligência do Exército. Batizado de “Desenho Operacional Luneta”, o documento foi produzido no interior da 6ª Divisão do Exército, sediada em Porto Alegre (RS).

Ferreira Lima, que integra as forças especiais do Exército, conhecidas como “Kids Pretos”, alegou que o plano fazia parte de um exercício interno de simulação, sem qualquer intenção de execução real. Segundo ele, o estudo buscava antecipar cenários em caso de suposta fraude nas eleições presidenciais de 2022. Apesar disso, o documento previa medidas drásticas como o monitoramento, prisão e “neutralização” de autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Não deveria ter personificado o estudo em Moraes”, admitiu o militar, em uma tentativa de minimizar a gravidade do conteúdo. Ele também negou que as reuniões realizadas na casa do general Braga Netto tivessem caráter conspiratório. “Era clima de velório, o general chateado ali, mas do jeito dele, sem enlouquecer”, afirmou.

O depoimento ocorre no contexto de investigações cada vez mais aprofundadas sobre uma possível tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Parte dessas apurações envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo celular, apreendido em maio do ano passado, trouxe à tona novos elementos da articulação golpista.

O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a mais de 7 mil arquivos encontrados no aparelho de Bolsonaro. Entre fotos, áudios, documentos e conversas no WhatsApp, o conteúdo revela que, mesmo após deixar o cargo, o ex-presidente tentou influenciar diretamente o Congresso Nacional, orientando parlamentares aliados e seus próprios filhos em ações políticas de bastidores.

As informações reforçam o cenário de crescente tensão entre setores militares e o Judiciário, além de ampliarem o foco das investigações da Polícia Federal, que agora miram não só os operadores políticos do suposto golpe, mas também o envolvimento de estruturas formais das Forças Armadas na elaboração de planos anticonstitucionais.

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