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Clima tenso marca primeiro dia de depoimentos no STF sobre tentativa de golpe pós-eleições de 2022

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início, nesta segunda-feira (20), à oitiva das testemunhas de acusação no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O primeiro dia de depoimentos foi marcado por tensão e confronto direto entre o ministro Alexandre de Moraes e o ex-comandante do Exército durante o governo de Jair Bolsonaro, o general Marco Antônio Freire Gomes.

Ao prestar depoimento, Freire Gomes confirmou ter participado de uma reunião com Bolsonaro, na qual o então presidente apresentou uma minuta de decreto com teor golpista. No entanto, o general tentou minimizar a gravidade do documento, alegando que os “considerandos” apresentados por Bolsonaro tinham “base jurídica” e estavam “dentro da Constituição”. Segundo ele, a proposta “não causou espécie”.

A declaração causou reação imediata do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Ao notar contradições entre o depoimento atual e o que havia sido prestado anteriormente à Polícia Federal, Moraes interrompeu o general e o repreendeu de forma dura: “Se mentiu para a Polícia Federal, tem que dizer que mentiu para a Polícia”, afirmou. Freire Gomes respondeu enfaticamente: “Após 50 anos de Exército, jamais mentiria.”

O embate evidenciou as divergências nos relatos e a pressão do Supremo para esclarecer eventuais omissões ou conivências de autoridades militares com o plano golpista.

Outro depoimento importante foi do ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Alcântara, que revelou ter recebido ordens da Diretoria de Operações da PRF para reforçar abordagens a ônibus e vans durante o período eleitoral de 2022 — ação que, à época, foi criticada por especialistas como tentativa de interferência no processo democrático.

A semana promete ser decisiva nas investigações: nesta quinta-feira (23), a Primeira Turma do STF vai julgar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra 11 militares e um agente federal, acusados de integrar o núcleo de ações coercitivas do suposto plano de golpe, incluindo crimes como sequestro e assassinato de autoridades.

A investigação faz parte do inquérito mais amplo sobre os ataques à democracia após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro, e busca esclarecer o envolvimento de setores militares e civis em uma tentativa de ruptura institucional.

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