0

Quando menos se esperava, uma nova crise eclodiu no Congresso. O relator no Senado do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), Rodrigo Cunha (Podemos-AL), anunciou ontem a exclusão dos “jabutis” – dispositivos sem relação com o texto inicial – que tratam da taxação de compras internacionais de até US$ 50 e da autonomia do governo na política nacional de petróleo. A chamada “taxa da blusinha” foi incluída pela Câmara com apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e aprovada com uma alíquota de 20% após longa negociação com o Executivo. Na votação, outro jabuti foi incluído, criando a política de conteúdo local para o petróleo.

Se a retirada dos dois trechos for aprovada pelo Senado, o texto voltará à Câmara, mas Lira já avisou que o Mover “tem sérios riscos de cair junto”. As mudanças deveriam ser apreciadas ontem no plenário do Senado, mas, diante do impasse, a votação foi adiada para hoje. Após o adiamento, Cunha firmou sua posição e disse que não vai mudar seu relatório.

Irritado, Lira telefonou para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está em viagem oficial ao Vaticano. Tanto o presidente da Câmara quanto os articuladores políticos do Planalto foram pegos de surpresa com a decisão do relator. Na ligação, relatada pela Coluna do Estadão, Lira lembrou a Haddad que cedeu por uma taxa menor que a prevista com o compromisso de aprovação no Senado e sanção do presidente Lula.

A quebra do acordo decorreu de uma disputa política em Alagoas. Rodrigo Cunha foi escolhido pelo prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), como vice em sua chapa à reeleição. Lira queria um aliado na vaga, especialmente diante da possibilidade de Caldas renunciar para disputar outro cargo em 2026. Além disso, o prefeito revelou que pretende concorrer ao Senado, mesmo plano do presidente da Câmara. Nessa disputa, Caldas e Cunha decidiram assumir a imagem de “defensores da blusinha”, deixando para Lira a pecha de “criador de impostos”.

A crise sublinha as tensões internas e as complexidades das alianças políticas no Congresso, especialmente quando interesses estaduais e nacionais se chocam. A votação no Senado, agora adiada para hoje, será crucial para determinar o destino do Mover e a estabilidade das negociações entre Câmara e Senado.

Plataforma de serviços do Governo do Estado, BA.GOV.BR bate recorde de atendimentos no mês de maio

Artigo anterior

STF Torna Réu Senador Sergio Moro por Calúnia contra Gilmar Mendes

Próximo artigo

Você pode gostar

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais sobre Notícias