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Manobras Pró-Bolsonaro no Congresso Impulsionam Aprovação de Lula e Desgastam Imagem da Câmara

As articulações no Congresso para tentar blindar parlamentares de investigações e abrir caminho para uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro estão provocando efeitos políticos imprevistos. Em vez de fortalecer a oposição, as manobras têm contribuído para o crescimento da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo pesquisa Pulso Brasil/Ipespe, divulgada nesta quinta-feira (26), a aprovação do governo atingiu 50% — superando pela primeira vez no ano a desaprovação, que caiu para 48%.

O levantamento ouviu 2.500 pessoas entre os dias 19 e 22 de setembro, com margem de erro de dois pontos percentuais. O resultado reflete diretamente o impacto da aprovação da chamada PEC da Blindagem na Câmara e da urgência do PL da Anistia, ambas iniciativas vistas pela opinião pública como tentativas de proteger Jair Bolsonaro e aliados de punições por sua participação nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Em julho, o cenário era oposto: a rejeição ao governo Lula era maioria, com 51%. Agora, o avanço na aprovação indica que parte do eleitorado viu no presidente um contraponto às tentativas de impunidade conduzidas no Legislativo.

Apesar do ganho de fôlego do Planalto, o Congresso sai chamuscado. A pesquisa mostra que sete em cada dez brasileiros desaprovam a atuação da Câmara dos Deputados. O Senado Federal teve desempenho ligeiramente melhor, mas ainda negativo: apenas 26% aprovam o trabalho da Casa, enquanto 59% reprovam.

Trump, Lula e o jogo diplomático

Paralelamente à melhora na imagem do governo, o ambiente internacional também ganhou protagonismo. Lula e Donald Trump protagonizaram uma troca de gestos cordiais durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o que gerou expectativa de um possível encontro entre os dois líderes. No entanto, até o momento, as diplomacias de Brasil e Estados Unidos não conseguiram definir nem data, nem pauta para uma reunião oficial.

Embora o Planalto veja com otimismo a chance de um diálogo com o ex-presidente americano — que lidera as pesquisas para a eleição presidencial nos EUA —, o Itamaraty adotou uma postura mais cautelosa. Fontes da diplomacia brasileira alertam que Trump é imprevisível e que a aproximação não deve ser interpretada “pelo valor de face”.

Internamente, porém, o governo avalia que a tentativa de se posicionar como figura moderada diante do radicalismo bolsonarista, especialmente com a atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA, tem rendido dividendos políticos importantes. A melhora nos índices de aprovação, segundo analistas, é sintoma disso.

Congresso pressionado, Planalto em vantagem

O cenário atual evidencia uma inversão de expectativas. Enquanto setores da direita buscavam reverter condenações e resgatar a imagem de Bolsonaro com projetos polêmicos, o resultado tem sido o fortalecimento de Lula e o desgaste do Parlamento, principalmente da Câmara dos Deputados.

Com a pesquisa em mãos e a opinião pública reagindo negativamente às tentativas de anistia, cresce a pressão sobre os parlamentares. O PL da Anistia e outras iniciativas de proteção aos envolvidos nos atos antidemocráticos agora enfrentam não apenas resistência institucional, mas também crescente rejeição popular.

A disputa política se intensifica, e os próximos movimentos do Congresso — assim como a relação de Lula com líderes globais como Trump — devem moldar o ambiente eleitoral que já começa a se desenhar para 2026.

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