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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, nesta terça-feira (25), a análise da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados de tentativa de golpe de Estado. No primeiro dia de julgamento, a defesa de Bolsonaro viu os seus recursos sendo rejeitados, incluindo o pedido de anulação da delação do tenente-coronel Mauro Cid e a tentativa de afastamento de ministros da corte, como Cristiano Zanin e Flávio Dino. O julgamento, que será retomado hoje (26), não foi tão monolítico quanto os advogados do ex-presidente esperavam, uma vez que o ministro Luiz Fux divergiu do relator, Alexandre de Moraes, e sugeriu que o caso fosse levado para o Plenário do STF. Contudo, os outros ministros, incluindo Zanin e Dino, votaram para que o julgamento continuasse na Primeira Turma.

A defesa de Bolsonaro argumentou que a investigação da Polícia Federal não trouxe indícios consistentes contra o ex-presidente. No entanto, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou no tribunal documentos, depoimentos e declarações feitas por Bolsonaro, afirmando que esses elementos sustentam a acusação de tentativa de golpe.

Bolsonaro no STF e Declarações Polêmicas

Apesar de inicialmente planejar acompanhar o julgamento pela TV, Bolsonaro compareceu ao STF e, durante a sessão, fez publicações em suas redes sociais, comparando o julgamento a um jogo de futebol e ironizando o ministro Alexandre de Moraes. “Já no meu caso, juiz apita contra antes mesmo do [sic] jogo começar”, escreveu o ex-presidente, demonstrando seu descontentamento com o andamento do processo.

Análise Jurídica

Em entrevista ao Central Meio, o advogado e professor da USP, Rafael Mafei, explicou que a Primeira Turma não está decidindo sobre a culpabilidade dos acusados, mas sim se a denúncia contra eles está bem fundamentada e se respeita os ritos legais. Mafei também comentou sobre a tentativa da defesa de levar o caso ao Plenário, dizendo que isso indica uma expectativa de maior divergência na corte, embora o ministro Nunes Marques tenha votado contra a alegação de impedimento de Moraes. Mafei lembrou ainda que, no julgamento do mensalão, a participação de Joaquim Barbosa como relator também foi questionada, mas o STF manteve sua atuação.

Ministro Moraes Explica Condenações de 8 de Janeiro

Durante o julgamento, Alexandre de Moraes aproveitou para defender as penas impostas aos réus dos atos de 8 de janeiro de 2023, criticados por muitos. Moraes refutou a ideia de que o STF estaria condenando de maneira desproporcional, como foi sugerido por algumas vozes críticas. Ele afirmou que as condenações de 240 réus, incluindo 14 idosos, foram amplamente proporcionais, com a maioria das penas sendo convertidas em medidas restritivas, em vez de prisão efetiva. “Nada mais mentiroso que isso”, disse Moraes, destacando que as penas impostas foram justas.

Estratégia de Defesa e Impasses

A jornalista Vera Magalhães, em sua análise, destacou que a estratégia de defesa dos acusados parece se concentrar não em negar os crimes, mas em isolar a participação de cada um no caso, com os advogados adotando a linha de “cada um por si”. A estratégia de argumentar que os clientes dos advogados não participaram diretamente dos atos continua sendo o foco principal das sustentações orais, o que reflete a dificuldade de apresentar uma linha única de defesa.

O julgamento continua com as discussões sobre os procedimentos legais e a análise da denúncia, mas ainda está distante de uma definição sobre a culpabilidade de Bolsonaro e dos outros réus. A decisão sobre a admissibilidade da denúncia deverá ser concluída nas próximas sessões, com a expectativa de que a corte continue a se debruçar sobre os detalhes do caso.

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