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A reforma ministerial do governo Lula, prevista para ser concluída até março, traz consigo importantes movimentações e desafios, não apenas no campo do Executivo, mas também dentro do próprio PT. Uma das principais mudanças será a entrada de Gleisi Hoffmann no governo, que assumirá o ministério da Secretaria-Geral da Presidência. Ela substituirá Márcio Macêdo e será responsável pela interlocução do Palácio do Planalto com os movimentos sociais. Esta mudança também provoca um rearranjo dentro do PT, partido que completa 45 anos em fevereiro de 2025 e realizará eleições diretas para suas direções nacional, estadual e municipal em julho.

A saída de Gleisi da presidência do PT exigirá que um dos atuais vice-presidentes do partido assuma interinamente até as eleições internas. José Guimarães, atual líder do governo na Câmara, e Humberto Costa, senador de Pernambuco, são os nomes mais cotados para ocupar a presidência do PT nesse período transitório. Embora não haja impedimento para que ambos acumulem a função de liderança do partido com suas atividades no Congresso, a mudança sinaliza uma possível reorientação estratégica dentro da sigla.

Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e ex-ministro, é visto como o nome preferido de Lula para liderar o PT após as eleições internas. Lula tem demonstrado o desejo de aproximar o partido do centro político na segunda metade de seu governo, e a escolha de Edinho reflete essa intenção. O movimento também é visto como uma preparação para o futuro, caso Lula decida não disputar a reeleição em 2026, com o objetivo de lançar Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, como seu sucessor.

A movimentação em torno de Gleisi Hoffmann para o governo também tem um impacto no PT, pois auxilia no processo de escolha do futuro presidente da sigla e, ao mesmo tempo, evita que surgam outras candidaturas internas que poderiam fragmentar ainda mais o partido. A capacidade de Gleisi em mobilizar a esquerda e sua boa relação com movimentos sociais a tornam uma figura essencial na articulação política do governo.

Entretanto, a reforma ministerial e as movimentações no PT não serão suficientes para resolver os desafios enfrentados pelo governo Lula, como a crescente insatisfação popular. A avaliação negativa do governo aumentou significativamente, com uma pesquisa da Quaest mostrando que a desaprovação passou para 37%, superando pela primeira vez a avaliação positiva, que ficou em 31%. A crise em torno de questões como a inflação dos alimentos e a repercussão negativa do Pix são apontadas como reflexos de uma falta de conexão do governo com setores da sociedade, dificultando a resolução de problemas com mais agilidade.

O presidente Lula, com o objetivo de reverter a queda na popularidade, tem como meta entregar resultados concretos para a população. A reforma ministerial também será desenhada com o foco em agradar as principais lideranças partidárias no Congresso, principalmente as que compõem os blocos de direita e centro-direita, que juntos somam 307 votos na Câmara e têm poder suficiente para bloquear as propostas do Executivo.

Além disso, o prefeito do Recife, João Campos, aproveitou uma reunião com Lula para reforçar o pedido de manutenção do espaço do PSB no governo. Como futuro presidente nacional do PSB, Campos quer evitar que o partido perca relevância na Esplanada dos Ministérios, destacando o papel crucial da legenda na vitória de Lula em 2022. Ele também fez questão de pedir a manutenção de Geraldo Alckmin como vice-presidente, caso Lula decida disputar a reeleição.

Esses desafios e articulações mostram como o governo Lula precisará de uma forte estratégia para fortalecer sua base de apoio e recuperar a confiança da população, ao mesmo tempo em que busca consolidar alianças no Congresso e dentro do próprio PT.

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