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A ofensiva do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em defesa da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro parece ter surtido um efeito contrário ao esperado. Apesar do posicionamento público e enfático de Tarcísio, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que não há previsão para que o projeto de anistia seja colocado em votação, tampouco foi definido um relator para a matéria.

Segundo a coluna Radar, da Veja, a estratégia do presidente da Câmara seria justamente tirar o tema de circulação, pelo menos temporariamente, com o objetivo de reduzir o desgaste político enfrentado por Tarcísio. A leitura no Congresso é que o governador paulista, tido como principal nome da direita para a sucessão presidencial de 2026, pode estar sofrendo pressão excessiva por ter se associado de forma tão direta à defesa dos acusados de atentar contra o Estado Democrático de Direito.

Nos bastidores, parlamentares do próprio Republicanos avaliam que a radicalização do discurso pode afastar o eleitorado moderado, essencial para uma eventual candidatura presidencial. A falta de apoio público de outras lideranças do partido ao discurso de Tarcísio também evidencia um isolamento crescente do governador dentro da própria legenda no que diz respeito ao tema da anistia.

A tentativa de blindagem articulada por Hugo Motta busca evitar que o debate sobre anistia, cada vez mais associado ao bolsonarismo mais radical, contamine de forma irreversível a imagem de Tarcísio — que até então vinha sendo construído como uma alternativa mais técnica e moderada dentro da direita.

Com a pressão do julgamento no STF contra Jair Bolsonaro e aliados, o tema da anistia ganhou ainda mais atenção, mas, diante da reação pública negativa e do risco de desgaste político, a ordem agora parece ser recuar para preservar futuros projetos eleitorais.

A movimentação sinaliza que, embora Tarcísio de Freitas busque ocupar o vácuo deixado por Bolsonaro, o caminho até 2026 exigirá mais equilíbrio político — e menos alinhamento automático com pautas que soam como impunidade para atos antidemocráticos.

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