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A poucos dias de julgamento decisivo, PGR acata pedido da PF para reforçar segurança na casa de Bolsonaro e evitar possível fuga

Brasília — A poucos dias do início do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a mais de 40 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) autorizou o reforço na vigilância da residência de Bolsonaro, localizado em Brasília. A medida atende a um pedido da Polícia Federal (PF), que aponta um risco concreto de fuga, possivelmente para a Embaixada dos Estados Unidos, situada a cerca de 10 minutos do local.

Segundo relatório enviado ao STF, a PF solicitou um “reforço urgente e imediato do policiamento ostensivo e discreto” no entorno da casa do ex-presidente, além da “manutenção e constante checagem do sistema de monitoramento eletrônico”. A PGR, comandada por Paulo Gonet, endossou o pedido e recomendou a presença de equipes de prontidão em tempo integral, para garantir o monitoramento em tempo real das medidas de cautela.

Apesar da gravidade do cenário e da proximidade do julgamento, fontes próximas ao procurador-geral indicam que, até o momento, não há expectativa de que Bolsonaro tenha a prisão domiciliar convertida para preventiva, o que o levaria à carceragem da Superintendência da PF.

No círculo bolsonarista, a condenação é tratada como inevitável. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, declarou que a última esperança do grupo é uma intervenção do ex-presidente norte-americano Donald Trump. “O Trump é a única saída que nós temos, não temos outra”, afirmou.

Contrariando a percepção de que estaria acuado, Bolsonaro tem sinalizado a aliados a intenção de comparecer aos quatro dias reservados para o julgamento na 1ª Turma do STF. Segundo interlocutores, ele deseja demonstrar força e enfrentar de cabeça erguida a iminente sentença.

Enquanto isso, a opinião pública parece caminhar em outra direção. Levantamentos recentes, como o da Quaest, indicam que 55% dos brasileiros consideram justa a prisão do ex-presidente. Outras pesquisas, como Ideia, Datafolha, Ipsos-Ipec e Atlas, apontam que Bolsonaro deixou de ser o nome mais competitivo da direita em um eventual segundo turno.

Além da crise judicial, o entorno bolsonarista enfrenta novo desgaste. Empresas do pastor Silas Malafaia, um dos principais aliados evangélicos de Bolsonaro, receberam cerca de R$ 30 milhões de Francisley Valdevino da Silva, conhecido como “Sheik do Bitcoin”, condenado a 56 anos de prisão por fraudes milionárias. O montante foi investido em uma empresa de marketing direto de Malafaia, que confirmou a parceria, mas ressaltou que ela durou menos de um ano e foi encerrada antes de qualquer indiciamento.

O cenário indica uma semana decisiva para o futuro político e jurídico de Jair Bolsonaro, enquanto seus aliados apostam em cartas cada vez mais improváveis para evitar uma condenação histórica.

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