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A Polícia Federal concluiu o inquérito que investigava o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar adversários políticos durante o governo de Jair Bolsonaro. O relatório final confirma a existência de um esquema clandestino de espionagem – apelidado de “Abin paralela” – e aponta a participação direta do ex-presidente Bolsonaro no esquema, embora ele não tenha sido indiciado nesta etapa, por já estar formalmente acusado em outro inquérito, o da tentativa de golpe de Estado.

Entre os 37 indiciados, estão nomes centrais do bolsonarismo, como o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) – ex-diretor-geral da Abin –, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, e até o atual diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa. Segundo o relatório, o grupo utilizava softwares espiões para vigiar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), políticos, jornalistas e outras autoridades públicas.

Foram alvos de monitoramento ilegal os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, além do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e parlamentares como Kim Kataguiri, Joice Hasselmann, Jean Wyllys e Rodrigo Maia. Governadores, senadores e jornalistas também foram incluídos na lista.

O esquema utilizava a estrutura oficial da Abin para práticas ilegais, sem autorização judicial e com fins políticos. A PF aponta que o objetivo era alimentar Bolsonaro com informações privilegiadas sobre seus adversários.

Acareações no STF

Enquanto isso, o ministro Alexandre de Moraes autorizou uma acareação entre o general Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O encontro está marcado para 24 de junho, no Supremo Tribunal Federal. Braga Netto contesta as declarações de Cid em sua delação premiada, alegando que foi acusado injustamente.

Outros nomes próximos ao ex-presidente, como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-comandante do Exército Freire Gomes, também participarão de acareações no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Reação nas Forças Armadas

Segundo reportagem do jornalista Marcelo Godoy, há um sentimento de vergonha e repulsa entre os generais do Exército em relação aos militares envolvidos nos atos golpistas. A orientação dentro da Força é tratar os condenados como casos isolados, evitando que contaminem a imagem da instituição. Em linguagem simbólica, um oficial ouvido resumiu: “Vão todos para a vala.”

Bolsonaro e Braga Netto, ambos oficiais da reserva, estão submetidos a Conselhos de Justificação, que poderão decidir pela perda das patentes caso sejam condenados pelo STF.

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