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Investigações da Polícia Federal revelam rede de corrupção com servidores do INSS e entidades associativas; ministro Carlos Lupi é pressionado a deixar o cargo

Menos de uma semana após a deflagração da Operação Sem Desconto, novos desdobramentos expõem a profundidade do esquema de corrupção que teria desviado até R$ 6,3 bilhões dos vencimentos de aposentados e pensionistas do INSS. A Polícia Federal apura a atuação de servidores do alto escalão do Instituto em parceria com associações de fachada, que operavam descontos ilegais em benefícios previdenciários.

O nome de Virgílio Oliveira Filho, procurador do INSS afastado pela Justiça, ganha destaque como o principal beneficiado do esquema, com R$ 12 milhões em propinas. A investigação indica que ele deu pareceres jurídicos que facilitaram a autorização de descontos, contrariando normas internas do próprio Instituto. A PF aponta que a esposa de Virgílio, Thaisa Hoffmann Jonasson, recebeu um Porsche avaliado em cerca de R$ 500 mil, supostamente como parte do pagamento das vantagens indevidas.

Também aparecem no centro das investigações os ex-diretores André Paulo Félix Fidelis (Benefícios e Relacionamento com o Cidadão), que teria recebido R$ 5,1 milhões, e Alexandre Guimarães (Governança e Planejamento), com R$ 313 mil. O esquema envolvia intermediárias financeiras que operavam os recursos oriundos das associações, e boa parte desses valores era revertida em propina para servidores públicos.

A figura apontada como elo operacional do esquema é Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, acusado de movimentar R$ 53,5 milhões através de empresas ligadas a sindicatos e associações. Mesmo declarando renda mensal de R$ 24,4 mil, sua movimentação bancária extrapola amplamente seus rendimentos declarados. A PF o classifica como “intermediário financeiro” entre as associações e os servidores corrompidos.

Outra personagem central no escândalo é Cecília Rodrigues Mota, suspeita de atuar como presidente de fachada em diversas associações fantasmas usadas para burlar os sistemas do INSS. Em apenas 10 meses de 2024, Cecília realizou 33 viagens, incluindo destinos internacionais como Dubai, Paris e Lisboa, e movimentou R$ 14 milhões por meio de contas ligadas a ela e a suas empresas.

Pressão política e crise no governo
O escândalo também tem impacto direto no governo Lula. O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), está sob forte pressão para deixar o cargo, após relatos de que teria sido informado sobre as irregularidades ainda em junho de 2023, mas só teria tomado providências nove meses depois. Lupi, no entanto, conta com a blindagem do PDT, que ameaça romper com a base governista caso o ministro seja demitido.

O caso levanta dúvidas sobre a eficácia dos mecanismos de controle e fiscalização dentro do INSS, além de evidenciar falhas graves na proteção dos direitos dos aposentados e pensionistas, que foram as principais vítimas do golpe.

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