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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem, em entrevista a uma rádio do Paraná, que ainda não reconhece a vitória de Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas e sugeriu a realização de uma consulta popular no país. “Ainda não [reconheço o resultado]. Ele sabe que está devendo umas explicações para a sociedade, para o mundo. Ele sabe disso”, afirmou Lula, destacando que aguarda uma decisão da Justiça venezuelana para se pronunciar definitivamente. O presidente brasileiro criticou a condução do processo eleitoral, classificando-o como confuso, e sugeriu que o ideal seria uma nova votação supervisionada por órgãos suprapartidários.

Lula propôs que Maduro convoque novas eleições, com a participação de todos os candidatos e a supervisão de observadores internacionais, como forma de garantir a transparência e legitimidade do pleito. “O que eu não posso é ser precipitado e tomar uma decisão”, disse Lula, reforçando a necessidade de um processo eleitoral claro e justo.

Pouco depois das declarações de Lula, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, reiterou ao Senado a posição brasileira de não reconhecer o resultado das eleições venezuelanas enquanto as atas eleitorais não forem devidamente apresentadas e esclarecidas.

A sugestão de Lula de novas eleições gerou confusão nos Estados Unidos. Em entrevista, o presidente Joe Biden respondeu afirmativamente quando questionado se apoiaria uma nova eleição na Venezuela, mas minutos depois o Conselho de Segurança Nacional emitiu uma nota esclarecendo que Biden se referia à falta de transparência no processo eleitoral conduzido por Maduro. A posição oficial dos EUA é de que Edmundo González Urrutia venceu as eleições, e nos bastidores circula a versão de que Biden não teria entendido corretamente a pergunta.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que tem dialogado diretamente com Lula sobre a situação venezuelana, também defendeu a realização de uma nova votação, ressaltando a necessidade de levantar sanções contra o país, garantir anistia geral e total liberdade política antes de realizar novas eleições.

Nicolás Maduro, no entanto, rejeitou veementemente a proposta, acusando os EUA de tentarem se tornar a “autoridade eleitoral” da Venezuela. Em uma entrevista à TV estatal, Maduro criticou o que chamou de “opinião intervencionista” de Biden, que foi desmentida pouco depois pelos próprios norte-americanos.

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, também se manifestou contra a sugestão de novas eleições, classificando-a como uma “falta de respeito”. “Eu pergunto: vamos para uma segunda eleição e, se não gostarem do resultado, iremos para uma terceira? Quarta? Quinta? Até que o presidente Nicolás Maduro goste dos resultados?”, questionou Machado, rejeitando a ideia de repetição do pleito.

A proposta de Lula e as reações subsequentes demonstram o delicado equilíbrio das relações internacionais em torno da crise venezuelana e ressaltam as dificuldades em encontrar uma solução que seja aceita por todas as partes envolvidas.

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