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Apesar do descontentamento dentro do próprio Partido dos Trabalhadores (PT) com a nova elevação da taxa básica de juros para 15%, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de demonstrar apoio público ao atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Nesta terça-feira (2), Lula chamou Galípolo de “muito sério” e disse acreditar que “as coisas vão ser corrigidas com o passar do tempo”.

A declaração marca um contraste com a postura do presidente em relação ao ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, com quem travou uma dura queda de braço durante os primeiros anos do mandato. Em 2023, quando a taxa Selic estava em 10,5%, Lula chegou a acusar Campos Neto de “trabalhar contra o país”. Agora, mesmo com os juros em patamar ainda mais elevado, o tom em relação a Galípolo é de paciência e confiança.

Galípolo foi indicado por Lula e é considerado um aliado político e técnico do governo. A expectativa no Planalto era de que, com sua chegada, o BC pudesse adotar uma postura mais favorável à redução de juros, o que não se concretizou até o momento. A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de subir a Selic gerou reações negativas entre parlamentares e economistas ligados ao PT, que esperavam um recuo gradual da taxa para impulsionar investimentos e consumo.

Mesmo com o aumento, Lula evitou alimentar o embate e manteve o discurso conciliador. A fala sinaliza também um esforço para preservar a imagem de Galípolo como um técnico comprometido e garantir estabilidade institucional diante da delicada autonomia do Banco Central.

Desde que a autonomia formal da autoridade monetária foi aprovada em 2021, o presidente da República tem menos controle direto sobre as decisões de política monetária. Mesmo assim, as pressões políticas continuam sendo uma variável relevante no cenário econômico.

Analistas interpretam o gesto de Lula como uma tentativa de equilibrar as críticas internas e o compromisso com a responsabilidade fiscal. “É uma estratégia para não transformar Galípolo em novo antagonista, mantendo espaço para diálogo e ajustes futuros na política monetária”, avalia a economista e professora da UFRJ, Tereza Campello.

No mercado financeiro, a manutenção da postura firme do BC foi vista com cautela, diante de sinais de desaceleração econômica. Já setores produtivos, como indústria e comércio, voltaram a pressionar por uma redução da taxa, apontando os juros como entrave ao crescimento.

Enquanto isso, o Planalto continua monitorando os desdobramentos políticos e econômicos da decisão, apostando que os próximos meses permitirão uma inflexão na política de juros — com Galípolo no comando.

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