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O governo de Israel deportou 171 ativistas detidos por participarem da Flotilha Global Sumud, uma missão internacional de ajuda humanitária com destino à Faixa de Gaza, interceptada pelas autoridades israelenses na última quarta-feira (1º). Segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores de Israel, os ativistas foram enviados de volta para Grécia e Eslováquia, países que aceitaram recebê-los.

A ambientalista sueca Greta Thunberg está entre os deportados, segundo imagens divulgadas pelo governo israelense, nas quais ela aparece com camiseta branca e calça de moletom cinza, uniforme adotado durante a detenção. No entanto, nenhum brasileiro está entre os nomes divulgados — o que inclui uma deputada federal do Brasil, cuja identidade foi mantida sob sigilo pelas autoridades e por sua equipe até o momento.

Os cidadãos deportados são originários de 19 países, entre eles Grécia, Itália, França, Irlanda, Suécia, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. A lista não inclui nenhuma nação da América Latina.

Apesar das alegações do governo israelense de que os direitos legais dos detidos foram respeitados, ativistas libertados e advogados que atuam no caso relataram violência física, humilhação e más condições de detenção, incluindo na Prisão de Segurança Máxima de Ketsiyot, localizada no deserto do Neguev.

A advogada Lubna Tuma, da organização Adalah, que representa legalmente os detidos, afirmou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (6) que 150 ativistas ainda estão presos, e 40 deles estão em greve de fome. “Alguns declararam que preferem que sua comida vá para o povo de Gaza”, disse Lubna. Ela acrescentou que há pessoas se recusando a tomar água até que todos recebam tratamento médico adequado.

Segundo a advogada, os ativistas foram interceptados em águas internacionais, e isso configuraria violação do direito internacional. “Houve transferências ilegais para Israel e detenção arbitrária. Isso é uma afronta aos direitos humanos”, afirmou.

O governo de Israel, por sua vez, nega as acusações, classificando os relatos de abusos como “parte de uma campanha de desinformação”. O Ministério das Relações Exteriores também alegou que um dos detidos chegou a morder uma funcionária da equipe médica da prisão.

As detenções geraram manifestações em aeroportos e praças em diversas partes do mundo. A ativista holandesa Roos Ykema, deportada para Madri, afirmou: “Houve desumanização, violência e gritos. Mas sabemos que o tratamento que recebemos foi o ‘tratamento europeu’. Nada se compara ao que os palestinos enfrentam todos os dias.”

A ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau, também participou da missão e, ao retornar à Espanha no domingo (5), afirmou que os ativistas foram detidos em um local onde “não havia Estado de Direito”. “Eles não respeitaram nenhum dos nossos direitos. Mas sabemos que o povo palestino sofre muito mais”, disse.

A Flotilha Global Sumud tem como objetivo romper o bloqueio à Faixa de Gaza, imposto por Israel desde 2007, e entregar ajuda humanitária à população palestina. Israel considera esse tipo de missão como uma tentativa de quebra de sua soberania e segurança nacional, especialmente após o agravamento do conflito com o Hamas.

O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a situação dos brasileiros detidos ou sobre a posição do país diante da operação israelense.

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