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Harvard processa governo dos EUA por ameaças de Trump à autonomia universitária e políticas de diversidade

A Universidade de Harvard, uma das instituições de ensino superior mais prestigiadas do mundo, entrou na Justiça contra o governo dos Estados Unidos em reação à crescente ofensiva do ex-presidente Donald Trump contra a autonomia das universidades privadas e suas políticas de inclusão. A ação judicial marca um novo capítulo na escalada de tensões entre o setor acadêmico e a Casa Branca, que vem ameaçando cortar bilhões de dólares em financiamento federal como retaliação às diretrizes adotadas por diversas universidades em favor da diversidade, do acesso de estudantes estrangeiros e da liberdade de pesquisa.

No centro da disputa está a tentativa do governo Trump de exigir a revisão de documentos, teses e políticas institucionais sob a alegação de possível “viés antissemita ou anti-islâmico”. Em resposta, o presidente interino de Harvard, Alan M. Garber — ele próprio judeu —, publicou uma carta dirigida à comunidade acadêmica em que classificou a ação federal como “infundada” e “politicamente motivada”.

“Reconhecemos que o antissemitismo é um problema grave e real, mas o governo não apresentou qualquer evidência que relacione esse tipo de preconceito às nossas pesquisas científicas, médicas ou tecnológicas. Essa tentativa de censura ameaça o próprio princípio de liberdade acadêmica sobre o qual esta universidade foi fundada”, declarou Garber.

Crise institucional se aprofunda nos EUA

O embate não se limita às universidades. A divisão política impulsionada por Trump também atinge o Judiciário americano. No último sábado, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu, por sete votos a dois, suspender temporariamente a aplicação da chamada Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798 — que o governo vinha tentando usar para deportar imigrantes ilegais sem direito a defesa judicial, sob o argumento de “ameaça à segurança nacional”.

A decisão foi recebida com críticas ferozes por parte do juiz ultraconservador Samuel Alito, um dos votos divergentes. No domingo, ele publicou um voto separado, acusando seus colegas de tomarem a decisão “na calada da noite” e sem a devida fundamentação técnica. O tom de confronto entre os membros da Suprema Corte expõe um ambiente de instabilidade institucional, em que decisões judiciais são cada vez mais disputadas nos bastidores ideológicos da política americana.

Enquanto Harvard tenta resguardar sua autonomia e a legalidade de suas políticas de inclusão, o caso se torna símbolo de uma disputa mais ampla: o confronto entre democracia, ciência e pluralidade de um lado, e a tentativa de imposição de um controle autoritário sobre instituições-chave da sociedade americana do outro.

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