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Em um movimento sem precedentes, o governo de Donald Trump anunciou o corte de US$ 2 bilhões em doações públicas destinadas à Universidade de Harvard, após a instituição se recusar a atender uma série de exigências impostas por Washington. Entre elas estavam a obrigação de denunciar estudantes estrangeiros por supostas violações de conduta e o fim imediato de todos os programas voltados para diversidade, equidade e inclusão.

A resposta da universidade veio com firmeza. “Nenhum governo deve ditar como uma universidade privada deve operar”, afirmou Alan Garber, presidente de Harvard, ao recusar publicamente as imposições da Casa Branca. A atitude coloca Harvard na linha de frente da resistência contra os ataques da nova campanha de Trump à autonomia universitária, tornando-se a primeira grande instituição de ensino superior a desafiar abertamente as diretrizes conservadoras.

A decisão de Garber foi impulsionada por um abaixo-assinado liderado por mais de 800 professores da universidade, entregue em março, pedindo que a reitoria “organizasse uma oposição coordenada aos ataques antidemocráticos”. O gesto é simbólico e estratégico: marca uma ruptura com a tentativa do ex-presidente de reconfigurar o ensino superior americano sob sua ótica ideológica.

A ofensiva contra Harvard ocorre no contexto de uma campanha mais ampla do trumpismo, que mira universidades tradicionalmente associadas a posturas progressistas. Columbia, em Nova York, foi o primeiro alvo dessa cruzada, e outras instituições de elite têm enfrentado pressões semelhantes.

Analistas veem a escalada como parte de uma estratégia eleitoral e cultural da direita conservadora, que busca deslegitimar o meio acadêmico como reduto de pensamento crítico e pluralidade. A proposta de acabar com os programas de diversidade, em especial, toca em um ponto nevrálgico da política educacional americana, em tempos de retrocessos e tensões raciais e sociais.

Com o corte de verbas, Harvard enfrentará desafios financeiros, mas ganha capital simbólico na disputa por princípios fundamentais como liberdade acadêmica, autonomia institucional e combate à censura ideológica. A reação da universidade pode inspirar outras instituições a seguir o mesmo caminho — e transformar a resistência em movimento.

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