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A véspera da posse de Nicolás Maduro para seu terceiro mandato presidencial foi marcada por uma intensa guerra de versões envolvendo a detenção temporária da líder oposicionista María Corina Machado, cuja prisão foi negada pelo governo venezuelano. Após quase seis meses na clandestinidade, Machado reapareceu em uma manifestação contra o novo mandato de Maduro, em meio a denúncias de fraude eleitoral ainda não esclarecidas. “Estou aqui”, publicou ela no X, acompanhada de um vídeo em meio à multidão.

Horas depois, aliados de María Corina denunciaram que ela foi “violentamente interceptada” e detida após deixar o protesto em Caracas. A mensagem afirmava que agentes de segurança dispararam contra as motocicletas que transportavam a líder oposicionista. Cerca de duas horas depois, seus aliados informaram que ela havia sido liberada, mas apenas após ser forçada a gravar uma série de vídeos. Em paralelo, em Petare, maior bairro de Caracas, apoiadores do presidente Maduro realizaram o que chamaram de “marcha pela paz e alegria”.

Maduro, proclamado vencedor das eleições presidenciais de julho pelas autoridades eleitorais, continua sendo acusado de fraude, mas se comprometeu a apresentar as atas de votação, o que até hoje não fez. Sua cerimônia de posse está marcada para hoje. A detenção de María Corina, que se somou à reclusão de outros opositores e à repressão de protestos, alimenta as tensões e os questionamentos internacionais sobre a legitimidade do governo.

Edmundo González Urrutia, ex-candidato da oposição à presidência, foi uma das figuras que se manifestaram após a denúncia de detenção, afirmando que os órgãos de segurança venezuelanos “não devem brincar com fogo” e prometendo chegar ao país para assumir o poder. Embora tenha visitado vários países da região, incluindo os Estados Unidos, para buscar apoio, a oposição continua sem uma posição unificada. No campo internacional, Panamá, Argentina e Chile condenaram a detenção de María Corina, enquanto Donald Trump expressou apoio aos opositores, tratando González como presidente eleito.

O governo venezuelano, por sua vez, tratou a denúncia como “uma invenção, uma mentira”. Diosdado Cabello, ministro do Interior e número dois do regime, afirmou que a acusação de detenção fazia parte de uma estratégia da oposição para criar alarde e desacreditar o governo. “Ela está louca para que o governo a capture”, disse Cabello, em entrevista ao canal estatal VTV.

A situação gerou repercussão também no Brasil, que ainda não reconheceu oficialmente a vitória de Maduro. O Itamaraty reavaliou o envio da embaixadora brasileira em Caracas, Glivânia Oliveira, para a posse, buscando informações sobre os acontecimentos antes de se posicionar oficialmente. A decisão pode ter implicações nas relações entre os dois países.

A crise venezuelana continua a gerar reflexões sobre a postura do Brasil, como apontado pela jornalista Eliane Cantanhêde. Em sua análise, Cantanhêde questiona a postura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ao longo de sua trajetória, evitou condenar a tragédia política e humanitária na Venezuela. Para Cantanhêde, o reconhecimento da vitória de Maduro em uma eleição fraudulentamente conduzida é um “absurdo”, o que coloca o Brasil em uma posição delicada diante de uma possível escalada de violência durante a posse do ditador.

Com o cenário ainda tenso, a comunidade internacional segue atenta aos próximos passos da Venezuela e à reação de países como o Brasil diante de um governo cada vez mais isolado e questionado.

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