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Centenas de milhares de israelenses saíram às ruas neste domingo, em uma onda de protestos que paralisou o país e ecoou um clamor crescente por paz, justiça e o fim da guerra em Gaza. A multidão, estimada em cerca de 500 mil pessoas apenas em Tel Aviv, segundo o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas — organizador da mobilização —, exigia a retirada das tropas da Faixa de Gaza e um acordo imediato para a libertação dos reféns ainda mantidos pelo Hamas. A polícia israelense, no entanto, não confirmou os números divulgados.

“Tragam todos para casa! Parem a guerra!”, gritavam milhares de manifestantes reunidos na Praça dos Reféns, símbolo da dor e da resistência das famílias que vivem há quase dois anos a angústia do sequestro e da perda. O dia de protestos começou exatamente às 06h29, horário em que o Hamas lançou o ataque contra Israel em 7 de outubro de 2023, evento que desencadeou o atual conflito.

Ao longo do dia, mais de um milhão de pessoas participaram de centenas de ações em diversas cidades israelenses, bloqueando rodovias, incluindo a movimentada via que liga Jerusalém a Tel Aviv. A polícia prendeu 38 manifestantes e utilizou canhões de água para dispersar multidões em alguns pontos.

O movimento acontece dias após o gabinete de segurança de Israel aprovar planos para ocupar a Cidade de Gaza, agravando ainda mais a crise humanitária no enclave palestino. Em meio à escalada militar, o Exército israelense anunciou que moradores de Gaza deverão ser removidos de áreas de combate e reassentados em zonas “seguras” no sul da região, sem especificar datas para o início da evacuação.

Em um tom de denúncia e indignação, o colunista israelense Yossi Verter criticou duramente o governo, acusando Benjamin Netanyahu de transformar as famílias dos reféns — e até os enlutados do massacre de 7 de Outubro — em “apoiadores do Hamas”, ao distorcer a narrativa dos protestos em prol da paz. “No discurso orwelliano liderado por Netanyahu e seus aliados, as vítimas do Hamas se tornam cúmplices, e aqueles que pedem o fim da guerra são traidores”, escreveu.

Enquanto isso, em Gaza, a vida segue marcada pela escassez, pelo luto e pela infância interrompida. Rahma Abu Abed, de apenas 12 anos, tenta anestesiar os traumas do conflito com um jogo que inventou com os amigos: eles se perguntam como era a vida antes da guerra — o que comiam, como eram suas casas, que roupas gostariam de vestir. “Ela não come carne há meses”, contou a mãe, Heba. Com uma única refeição por dia, geralmente de lentilhas ou macarrão, Rahma molda pratos imaginários com areia molhada, em busca de lembranças que se tornaram sonhos distantes.

Os protestos deste domingo evidenciam não apenas a exaustão da população israelense frente à guerra, mas também o desejo crescente por uma solução que vá além da retaliação militar — uma solução que passe pela vida, pela dignidade e pelo retorno seguro dos reféns.

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