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Derrotado na votação do Congresso que derrubou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo federal encontrou nas redes sociais um terreno mais favorável para travar sua batalha política. Segundo pesquisa divulgada neste fim de semana pelo instituto Genial/Quaest, a estratégia de comunicação do Executivo foi mais bem-sucedida que a dos parlamentares: entre os dias 24 de junho e 4 de julho, foram registradas 4,4 milhões de publicações sobre o tema, das quais 61% continham críticas ao Congresso Nacional.

Outros 28% dos comentários foram classificados como neutros e apenas 11% se voltaram contra o governo. A maior parte das críticas mirou diretamente o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), citado em 8% das postagens analisadas, com tom majoritariamente negativo.

A repercussão digital evidencia um desgaste para o Legislativo diante da tentativa de barrar a medida do Executivo, que previa a elevação da alíquota do IOF para compensar perdas de arrecadação em 2025.

STF intervém e pede diálogo

No campo jurídico, a queda de braço ganhou um novo capítulo na sexta-feira (5), quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu tanto o decreto presidencial que aumentava o imposto quanto a decisão do Congresso que o anulava. A decisão liminar do magistrado busca evitar um impasse institucional entre os Poderes.

Moraes também convocou uma audiência de conciliação, ainda sem data marcada, para que representantes do Executivo e do Legislativo tentem chegar a um consenso. A iniciativa foi vista como uma tentativa do STF de atuar como moderador em mais um embate entre Planalto e Congresso — num contexto de crescente tensão política e disputas por protagonismo sobre a condução da política fiscal.

Guerra de narrativas

Nas redes sociais, a disputa em torno do IOF ganhou contornos de guerra de narrativas. Parlamentares que votaram contra o aumento tentaram justificar a medida como proteção ao contribuinte, enquanto o governo reforçou o argumento de que a arrecadação adicional era necessária para garantir equilíbrio fiscal e financiamento de políticas públicas em 2025.

A força da mobilização digital do Planalto e a rápida viralização de conteúdos críticos ao Congresso revelam uma mudança de terreno nas disputas políticas contemporâneas — em que, mesmo diante de derrotas legislativas, a opinião pública pode funcionar como uma trincheira de resistência ou pressão.

Com a judicialização do tema e a convocação de uma nova rodada de negociação, o futuro do IOF segue indefinido. Enquanto isso, o episódio reforça a centralidade das redes sociais como arena decisiva na política brasileira.

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