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A revelação de uma fraude bilionária no INSS derrubou o ministro da Previdência, Carlos Lupi, e causou um terremoto político no PDT, partido historicamente aliado do presidente Lula. Nesta terça-feira (7), os 17 deputados federais da legenda anunciaram o rompimento com o governo e passaram a se declarar “independentes”, após uma reunião tensa em que o próprio Lupi esteve presente. Em contraste, os três senadores pedetistas divulgaram nota reafirmando apoio ao Planalto, alegando “afinidade com as políticas públicas do governo”.

O episódio evidenciou o racha interno do PDT, com repercussões que vão além do Congresso. No Ceará, principal reduto político do partido, o ex-ministro e ex-candidato à presidência Ciro Gomes sinalizou aproximação com políticos bolsonaristas, em clara oposição ao governador petista Elmano de Freitas. Durante um encontro, Ciro elogiou o deputado estadual Alcides Fernandes (PL), apontando-o como “homem decente”, “de fé” e “nova liderança”, numa possível aliança de olho nas eleições de 2026. O PDT, segundo fontes locais, manterá candidatura própria ao governo estadual, mas a aproximação de Ciro com a direita já gera desconforto interno.

Governo tenta conter desgaste com ressarcimento a aposentados

Diante da repercussão negativa da fraude, que envolveu descontos indevidos em aposentadorias e pensões para associações suspeitas, o governo Lula tenta controlar o dano à sua imagem. A solução em estudo é devolver, de forma imediata, os valores descontados irregularmente — usando recursos do Tesouro Nacional. Posteriormente, a União cobraria a restituição das entidades envolvidas. No entanto, os beneficiários precisarão comprovar que não autorizaram os descontos, o que pode criar entraves ao ressarcimento.

A estratégia visa evitar a corrosão do apoio popular em um tema sensível como a Previdência, especialmente entre os eleitores idosos. O Palácio do Planalto ainda avalia o impacto da crise no Congresso, onde a instabilidade no PDT pode afetar votações importantes.

Crise expõe fragilidades da base e reconfigurações políticas

A demissão de Lupi, ainda que vista como necessária, gerou mal-estar entre aliados e acelerou reconfigurações dentro do PDT. O movimento da bancada na Câmara representa um distanciamento claro do governo Lula e levanta dúvidas sobre a estabilidade da coalizão governista. Ao mesmo tempo, o gesto dos senadores pedetistas de manter o apoio ao Planalto demonstra a divisão interna e o cálculo político individual de cada ala.

A nova crise, somada ao escândalo e à movimentação de Ciro Gomes rumo ao campo conservador, coloca o PDT no centro de um reposicionamento político que pode ter impactos diretos nas eleições municipais de 2024 e nas articulações para 2026.

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