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Sem conseguir disfarçar o esvaziamento do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no último domingo (30), na Avenida Paulista, aliados do ex-mandatário passaram a trocar acusações internas em busca de responsáveis pelo fracasso de público. O episódio reacendeu divisões no campo bolsonarista e evidenciou o desgaste do ex-presidente, que enfrenta dificuldades para manter coesão entre seus apoiadores.

Parte do grupo atribui o fiasco à ausência de nomes de peso da direita institucional, como os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antônio Rueda. Também foram citadas como ausências sentidas a do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos principais influenciadores do movimento, e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que alegou uma viagem de última hora para justificar sua ausência.

Outros aliados avaliam que o tom agressivo contra o Supremo Tribunal Federal, adotado mais uma vez por Bolsonaro em seus discursos, pode ter afastado lideranças de centro-direita e parlamentares que costumavam compor sua base. A postura foi vista como contraproducente, especialmente em um momento em que o ex-presidente é investigado por tentativa de golpe de Estado.

“A manifestação foi mal calculada. Faltou articulação política e sobrou radicalismo”, avaliou um dirigente partidário que preferiu não se identificar.

Com a mobilização menor do que o esperado, crescem as dúvidas sobre a capacidade de Bolsonaro manter sua força como principal liderança da oposição. A aposta agora se volta para 2026, mas a baixa adesão no evento é lida nos bastidores como sinal de alerta sobre a viabilidade de um novo projeto eleitoral.

Aliados mais próximos minimizam o esvaziamento e dizem que Bolsonaro segue forte nas redes sociais e junto à base mais fiel. Ainda assim, a cobrança por maior profissionalismo e articulação política ganha força nos bastidores do campo conservador.

O episódio também enfraquece a tentativa de Michelle Bolsonaro de se firmar como liderança eleitoral, já que sua ausência, em um momento considerado simbólico, gerou críticas mesmo entre simpatizantes do casal. A falta de unidade pode comprometer planos de candidatura majoritária da ex-primeira-dama no futuro.

O bolsonarismo entra em um novo ciclo, mais fragmentado, em que as divergências internas tendem a se acirrar diante da ausência de resultados concretos e do avanço das investigações contra o ex-presidente e aliados.

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