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Brasília – Duas explosões, com intervalo de cerca de 20 segundos, e uma pessoa morta marcaram a noite de ontem na região da Praça dos Três Poderes, em Brasília. O episódio ocorreu por volta das 19h30 e levantou questões sobre possíveis motivações políticas, envolvendo ataques contra instituições do governo.

A primeira explosão aconteceu no estacionamento entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Anexo 4 da Câmara dos Deputados, quando um carro com placas de Santa Catarina explodiu. No porta-malas do veículo, foram encontrados fogos de artifício e tijolos. A segunda explosão ocorreu momentos depois, em frente ao STF, onde o dono do veículo, identificado como Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, morreu.

De acordo com informações da Polícia Federal (PF) e das polícias de Santa Catarina e do Distrito Federal, Wanderley Luiz tentou acessar o prédio do STF, mas foi impedido por um vigilante. Após isso, ele jogou um explosivo sob a marquise do edifício e, em seguida, revelou ter mais artefatos presos ao corpo. Uma testemunha relatou que ele deitou no chão e detonou um segundo explosivo que carregava em uma mochila.

A PF já iniciou um inquérito para investigar as circunstâncias do caso. O processo será encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, responsável por temas relacionados a ataques contra as instituições, como os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Rastro de Desafios e Teorias Conspiratórias
Antes das explosões, Wanderley Luiz havia feito postagens nas redes sociais, onde atacava o STF, o presidente Lula e os líderes das duas Casas do Congresso. O homem também compartilhou teorias conspiratórias anticomunistas e publicou um alerta enigmático sobre supostos artefatos explosivos, mencionando o prazo de 72 horas para que a Polícia Federal os desativasse. Em uma de suas postagens, ele alertava sobre “bombas” em locais estratégicos, incluindo a casa de figuras políticas e do jornalista William Bonner.

Wanderley Luiz havia se candidatado a vereador em 2020, em Rio do Sul (SC), pelo Partido Liberal (PL), mas obteve apenas 98 votos e não foi eleito. Nos últimos quatro meses, ele estava em Brasília, sem o conhecimento de sua família, e era uma figura conhecida por suas posturas radicais nas redes sociais.

Investigações e Impactos na Política Nacional
As forças de segurança foram rapidamente acionadas, e as áreas afetadas pelas explosões foram isoladas. O Esquadrão Antibombas da PF fez uma varredura no local, e horas depois, a polícia localizou e detonou artefatos suspeitos na residência de Wanderley, em Ceilândia. As atividades no Congresso Nacional foram suspensas até o meio-dia de hoje, enquanto no STF, os ministros e servidores foram retirados com segurança.

O atentado gerou reações rápidas e preocupações no governo, especialmente em relação à segurança durante a Cúpula de Líderes do G-20, que ocorrerá nos próximos dias no Rio de Janeiro. Integrantes do Itamaraty estão preocupados com o impacto da violência no evento, que contará com a presença de chefes de Estado e de governo das 20 maiores economias do mundo.

Além disso, a explosão coloca em xeque a aprovação do projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, uma pauta defendida por parlamentares bolsonaristas. Para integrantes do PL, o ataque enfraquece a possibilidade de aprovação da medida, especialmente porque o autor da explosão era filiado ao partido.

As investigações continuam e as autoridades seguem em busca de mais informações sobre os motivos do atentado e suas possíveis conexões com movimentos políticos radicais.

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