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Ex-comandante da Aeronáutica confirma trama golpista e revela ameaça de prisão a Bolsonaro

Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, confirmou que participou de reuniões em que foram discutidos planos para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022. Segundo o militar, a proposta golpista foi elaborada dentro do Palácio do Planalto e contava com apoio de integrantes do alto escalão do governo Bolsonaro.

Baptista Júnior afirmou ter tido acesso à minuta do golpe e relatou uma tensa reunião em que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, advertiu o então presidente Jair Bolsonaro. “O general Freire Gomes é educado e não falou com agressividade ao presidente. Foi isso que ele falou, com calma e tranquilidade: ‘Se você tentar isso, eu vou ter que lhe prender’”, relatou.

O ex-comandante também revelou que participou de um “brainstorm” com Bolsonaro e outros ministros, em que foram discutidas possíveis prisões de autoridades, entre elas o ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do inquérito que apura a tentativa de golpe. “Eu lembro bem, houve a seguinte discussão: Vai prender o Alexandre de Moraes, presidente do TSE? Vai”, afirmou.

Ainda segundo Baptista Júnior, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria se colocado à disposição de Bolsonaro para apoiar a execução do plano. “O almirante Garnier não estava na mesma sintonia que o general Freire Gomes. Em uma dessas reuniões, ele chegou a dizer que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente”, declarou.

O tenente-brigadeiro também apontou que o general Braga Neto, candidato à vice-presidência na chapa de Bolsonaro, teria incentivado ataques contra ele e sua família como forma de pressão para que apoiasse a trama golpista. “Ainda me chamam de melancia”, disse, referindo-se ao jargão usado para militares considerados de esquerda.

Paralelamente, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, declarou que o governo dos Estados Unidos estuda impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes. Segundo Rubio, há uma “grande possibilidade” de medidas contra o magistrado, visto por setores da direita americana ligados a Donald Trump como inimigo político, em razão de sua atuação firme nas investigações sobre os planos golpistas no Brasil.

As revelações aprofundam a gravidade da crise institucional enfrentada pelo país e colocam ainda mais pressão sobre os envolvidos nos bastidores da tentativa de ruptura democrática.

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