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Além da crescente pressão por regulação das big techs e das acusações de impunidade contra Jair Bolsonaro, um novo eixo de tensão política e econômica surge entre Brasil e Estados Unidos: o interesse norte-americano nas reservas brasileiras de terras raras e outros minerais críticos, fundamentais para a transição energética global.

Durante uma reunião com empresários do setor de mineração, Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, manifestou o interesse direto de Washington no potencial de exploração dos chamados minerais estratégicos brasileiros. Escobar também destacou que os EUA estão acompanhando atentamente a formulação da Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, que está sendo desenvolvida pelo Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Alexandre Silva.

Embora o diplomata americano não tenha condicionado explicitamente esse interesse à retirada das tarifas impostas por Donald Trump, empresários brasileiros perceberam que os recursos minerais podem estar no centro de uma nova rodada de negociações bilaterais.

A declaração causou reação imediata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, durante evento no Vale do Jequitinhonha — novo polo de produção de lítio — foi enfático: “Ninguém põe a mão nos minerais estratégicos brasileiros. Temos todos os minerais ricos que vocês querem proteger. Este país é do povo brasileiro”.

Enquanto Lula adota um tom firme de soberania, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem mantido conversas reservadas com autoridades americanas. Em diálogo recente com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, Alckmin sinalizou abertura para uma nova fase nas relações bilaterais. “Foi a primeira vez que o diálogo saiu do perde-perde e passou para um cenário de ganha-ganha”, afirmou. Ele confirmou que discutiu a ampliação do comércio e um possível acordo de bitributação, mas evitou comentar se os minerais estratégicos entraram na pauta.

Enquanto um acordo ainda não é selado, o Brasil se prepara para a entrada em vigor do tarifaço americano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou nesta quinta-feira que a equipe técnica finalizou um plano de contingência para mitigar os impactos das tarifas, mas reforçou que a decisão final será do presidente.

O embate tem repercussão direta na opinião pública. Duas pesquisas divulgadas pelo Ipespe nesta quinta-feira apontam que o tarifaço teve efeito positivo sobre a imagem do governo Lula: entre maio e julho, a aprovação do presidente subiu de 40% para 43%, enquanto a reprovação caiu de 54% para 51%. Já a ação dos EUA é reprovada por 61% dos brasileiros, sendo aprovada por apenas 35% — índice que sobe para 81% entre os entrevistados que se declaram de direita.

O jogo geopolítico envolvendo recursos naturais estratégicos está lançado, com o Brasil no centro da disputa global por autonomia energética e tecnológica.

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