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EUA e UE selam pacto bilionário, enquanto Brasil se isola e enfrenta escalada tarifária

Em um movimento que redesenha as relações comerciais globais, os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram neste domingo (27) um acordo preliminar que estabelece uma tarifa-base de 15% sobre a maioria dos produtos do bloco europeu, seguindo o modelo implementado por Donald Trump em negociações recentes com Japão, Indonésia e Vietnã. O acerto, fechado durante uma reunião entre o ex-presidente americano e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, na Escócia, prevê ainda compromissos expressivos da UE com os EUA, incluindo a compra de US$ 750 bilhões em energia, investimentos adicionais de US$ 600 bilhões e aquisição de equipamentos militares em larga escala.

Trump celebrou o pacto como “o maior de todos os tempos”, enquanto autoridades europeias, embora cautelosas, consideraram o acordo um mal menor diante da ameaça anterior de tarifas que poderiam chegar a 30%.

Fora desse novo eixo de negociação, o Brasil enfrenta um cenário adverso. Também no domingo, Trump confirmou que as tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros começarão a ser aplicadas a partir de 1º de agosto, próxima sexta-feira. O alerta já havia sido feito pelo secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, em entrevista à Fox News, onde afirmou que o ex-presidente estaria disposto a dialogar, mesmo após o início da vigência das medidas.

Com o prazo se esgotando e sem avanços diplomáticos, o governo Lula tenta articular um plano emergencial para proteger setores mais vulneráveis da economia, como frutas, pescados e pequenas exportadoras. O chanceler Mauro Vieira está em Nova York para um evento da ONU, mas até o momento não há indicações de que será recebido por autoridades americanas para tratar da questão tarifária.

De acordo com José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o tempo e a margem de negociação do país são extremamente limitados. Para ele, os Estados Unidos demonstram pouco interesse em negociar com o Brasil no curto prazo, e o risco de prejuízos é significativo. “O fato de essas operações terem se tornado pessoais fez com que o Brasil, neste momento, não tenha condições de propor um acordo que seja aceito por Trump”, avaliou Castro, sugerindo que falas recentes de autoridades brasileiras podem ter contribuído para o isolamento do país.

No campo político, a tensão aumentou com declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que usou as redes sociais para criticar os governadores Tarcísio de Freitas (SP) e Ratinho Júnior (PR). Segundo ele, ambos estariam tratando do impacto das tarifas americanas sem mencionar os “presos políticos” ou a carta enviada por Trump a Jair Bolsonaro. Eduardo acusou Tarcísio de “enganar a população” e acusou Ratinho de minimizar o papel do ex-presidente Bolsonaro na relação com os Estados Unidos, o que, segundo o deputado, apenas prolonga o impasse.

Com o prazo se esgotando e as tarifas prestes a entrar em vigor, o Brasil corre contra o tempo para evitar prejuízos que podem atingir em cheio a balança comercial e as exportações de pequenos produtores.

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