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Para preocupação crescente do cenário internacional, Estados Unidos e China seguem intensificando sua disputa comercial, agora marcada por tarifas recordes e retaliações mútuas. Na última quinta-feira, a Casa Branca anunciou uma revisão nas taxas sobre importações chinesas, estabelecendo uma tarifa mínima de 145%, e não mais os 125% divulgados anteriormente. O novo número resulta da combinação da tarifa anunciada por Donald Trump com um acréscimo de 20% anterior, justificado pela suposta inação chinesa diante do envio de fentanil aos EUA.

A resposta de Beijing foi rápida. Durante a madrugada, o governo chinês comunicou a elevação das tarifas sobre produtos norte-americanos de 84% para 125%, mas declarou que ignorará futuros aumentos anunciados por Trump, classificando as novas medidas como “uma piada”. Mesmo com o mercado reagindo negativamente às incertezas, Trump adotou um tom confiante em reunião de gabinete, afirmando a jornalistas que “tudo vai dar muito certo”. Ainda assim, o presidente americano não deixou de tentar suavizar a retórica, chamando Xi Jinping de “amigo” e expressando desejo de avançar nas negociações com a China.

Enquanto isso, a União Europeia optou por suspender suas tarifas retaliatórias por um período de 90 dias, em sincronia com a pausa sugerida por Washington. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que o gesto visa “dar uma chance às negociações”. No entanto, deixou claro que o bloco europeu está pronto para retaliar novamente, podendo incluir sanções no setor de serviços e até mesmo um imposto sobre receitas de publicidade digital — medida que afetaria diretamente as gigantes da tecnologia dos EUA.

Apesar da pausa parcial, os efeitos das novas políticas já são significativos. A tarifa média nos EUA, que no início do ano era de 2,5%, saltou para 27% — o maior patamar em mais de cem anos. Especialistas alertam que o impacto nos mercados ainda é incerto. Larry Summers, ex-secretário do Tesouro, afirmou que vê 60% de chance de recessão. “Os riscos aumentaram muito desde a posse de Trump, e a situação não está sob controle”, disse.

A revista Economist foi direta ao afirmar que os 90 dias de trégua equivalem a “um piscar de olhos” diante da complexidade das negociações comerciais. “Trump substituiu décadas de estabilidade comercial por uma política caprichosa e imprevisível, muitas vezes anunciada pelas redes sociais sem o conhecimento prévio de seus próprios assessores.”

Do lado chinês, a estratégia também parece estar se intensificando. Segundo a jornalista Selina Wang, Xi Jinping busca demonstrar resiliência econômica ao seu povo e reduzir a dependência de Washington. “Embora Trump o tenha chamado de ‘amigo’, o cálculo de Xi é outro. Se ele desligar o telefone sem acordo, Trump parecerá fraco”, analisou.

Enquanto os líderes trocam farpas e promessas, o mundo observa com apreensão. O temor é que, sem um recuo estratégico, a guerra comercial se torne o novo normal — com impactos duradouros sobre a economia global.

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