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A população brasileira está mais envelhecida, de acordo com novos dados do Censo de 2022, divulgados na última semana. Segundo as informações, a população idosa (pessoas com 65 anos ou mais) chegou a 10,9% no ano passado, ou seja, mais de 22 milhões de brasileiros. O percentual corresponde a uma alta de 57,4% frente a 2010, quando o contingente representava 7,4% da população do país (cerca de 14 milhões).

Junto ao envelhecimento populacional surgem desafios e oportunidades distintos para a economia, que precisa reorganizar a força de trabalho e questões previdenciárias para atender a nova dinâmica. Especialistas consultados pelo site da Jovem Pan acreditam que será necessário reavaliar a previdência e o sistema de seguridade social. O especialista contábil e CEO da Equity S/A e Finance Capital, Heder Bragança, indica que, com mais pessoas vivendo por mais tempo, aumenta-se a pressão sobre os sistemas de aposentadoria. Ele esclarece que o envelhecimento da população gera um desequilíbrio entre a quantidade de pessoas economicamente ativas e os aposentados, o que pode sobrecarregar as finanças públicas e exigir reformas previdenciárias para garantir a sustentabilidade do sistema em longo prazo.

“É necessário entender que o modelo que temos hoje de previdência é uma pirâmide. Isso quer dizer que, com o envelhecimento da população, temos menos pessoas produtivas gerando receita para a previdência, o que diminui a receita e, por consequência, sua arrecadação”, afirma.

Heder também ressalta que o Brasil conta com um modelo econômico de governo muito pesado. Isso significa que grande parte do valor repassado ao sistema de previdência é consumido pela própria máquina entre salários, estrutura e serviços contratados. Quando o sistema previdenciário do Brasil foi criado, havia cerca de 200 mil aposentados. Hoje, o número saltou para 7,5 milhões, entre aposentadorias, auxílios e pensões, como aponta o Boletim Estatístico da Previdência Social de 2022. Os dados revelam que o crescimento contínuo do número de segurados da Previdência Social gerou um aumento expressivo nos gastos do INSS ao longo dos anos. Os custos passaram de R$ 12,6 bilhões para R$ 48,7 bilhões entre dezembro de 2006 e o mesmo mês de 2021.

O paradoxo do envelhecimento

Doutor em Administração pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP) e diretor-geral da IBS Americas, Ricardo Britto afirma que a evolução econômica e demográfica do Brasil nos últimos anos apresenta uma situação contraditória. “Por um lado, a economia tem crescido abaixo da média mundial, nos colocando junto a países pobres e de economia estagnada. Por outro, a pirâmide populacional tem se comportado como a de países ricos, com um envelhecimento acelerado da população. Hoje estamos com uma pirâmide populacional similar a países como o Japão e a Itália, conhecidos por terem graves dificuldades econômicas associadas ao envelhecimento da população. Não há como deixar de se preocupar com essa situação paradoxal no médio e longo prazo”, afirma. Segundo o especialista, o Brasil precisa de um plano de desenvolvimento econômico bastante robusto, capaz de enviar sinais positivos para sua população e para o restante do mundo. “Precisamos reverter uma tendência de redução da taxa de natalidade e de fuga de mão de obra qualificada para o exterior, atraindo profissionais e estimulando o crescimento das famílias”, recomenda. Britto acredita que a falta dessas políticas levaria o país a um ciclo vicioso de redução da população economicamente ativa e redução das taxas de crescimento econômico, podendo transformar o Brasil em um “gueto de subdesenvolvimento”.

Oportunidades econômicas

CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, Luciano Bravo enxerga que o envelhecimento da população trará maior distribuição de renda, mas também a necessidade de medidas para custear este processo. Uma delas é o aumento de impostos. “A mão de obra ficará mais cara, como acontece na Europa, onde o índice de pessoas mais velhas são maiores. As pessoas terão mais condições financeiras e isso vai implicar no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Mas também temos a questão de você ter menos força de trabalho na base da pirâmide”, pondera. Contudo, o envelhecimento populacional também traz oportunidades econômicas. Setores como o mercado de produtos e serviços voltados para a terceira idade têm experimentado um crescimento significativo. Desde tecnologias assistivas até turismo especializado, existe um potencial econômico considerável para empresas que oferecem produtos e serviços adaptados às necessidades dos idosos.Para o especialista contábil e diretor da Alldax Contabilidade e Consultoria, William Almeida, para se adequar a essa nova realidade da população acima dos 65 anos, o mercado de trabalho precisa se atualizar de acordo com os novos modelos e ferramentas de trabalho. “O principal desafio está na preparação dessa população, que está envelhecendo, com as tecnologias atuais, que, com o passar dos anos, foram aprimoradas de forma exponencial”, afirma.

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