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Crise no PL: Eduardo Bolsonaro Pressiona por Anistia Total e Irrita Congresso com Ameaça de Sanções

Enquanto o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro patina no Congresso Nacional, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) elevou o tom da crise política. Em viagem a Miami, nos Estados Unidos, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai intensificar os esforços para que o governo norte-americano, sob Donald Trump — caso reeleito —, aplique sanções contra o Brasil e autoridades brasileiras. A ameaça, segundo ele, será concretizada caso o Congresso aprove uma versão da anistia que não contemple integralmente seu pai.

A declaração foi feita durante um encontro com o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), em um momento considerado delicado para as negociações no Parlamento. Eduardo estava acompanhado do blogueiro Paulo Figueiredo, com quem vem articulando ofensivas junto a autoridades conservadoras americanas. A movimentação ocorre paralelamente à tentativa do relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) de construir consenso em torno de uma “anistia restrita”, atualmente sem base sólida no Congresso.

A postura de Eduardo gerou forte reação entre lideranças do Centrão. Parlamentares avaliam que o deputado pode “implodir” o frágil acordo em construção e minar de vez as chances de aprovação da proposta. Segundo apuração, o clima entre as lideranças é de crescente irritação com o que consideram uma “chantagem internacional” para influenciar o andamento do projeto no Brasil.

Nas redes sociais, Eduardo reforçou o tom de confronto. Em publicação no X (antigo Twitter), afirmou estar disposto a “ir às últimas consequências” para garantir a anistia irrestrita ao pai. “Será vitória ou vingança, mas não haverá submissão”, escreveu o deputado, em uma declaração que foi lida como ameaça direta aos colegas de Congresso.

A escalada verbal preocupa até mesmo aliados próximos. Segundo a colunista Malu Gaspar, o próprio Jair Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar, tem pedido a interlocutores que convençam Eduardo a moderar o discurso. O ex-presidente teme que a disputa interna com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, possa comprometer a coesão do partido e inviabilizar os planos da família para 2026. Um dos objetivos de Bolsonaro é garantir a presença de um nome da família na chapa presidencial, e a deterioração do ambiente político pode atrapalhar esse projeto.

O episódio evidencia mais uma fissura dentro do campo bolsonarista e ameaça o já frágil equilíbrio político em torno do PL da Anistia. Enquanto Paulinho da Força tenta salvar a proposta no Congresso, a ofensiva internacional de Eduardo pode acabar isolando ainda mais o grupo político que luta para reverter as condenações de aliados — e do próprio ex-presidente.

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