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Crise no INSS atinge o Planalto, expõe falhas internas e acende debate político sobre reação do governo

A crise das fraudes no INSS se instalou de vez no centro do governo federal, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, apontando publicamente a Controladoria-Geral da União (CGU) como responsável por não alertar o Planalto a tempo sobre os indícios de irregularidades. Em entrevista ao jornal O Globo, Costa foi direto ao responsabilizar a CGU, comandada por Vinicius Carvalho, por não ter dado o alerta “a nível de ministro” quando surgiram as primeiras informações sobre os desvios. Para ele, isso comprometeu uma reação mais rápida e eficaz do governo.

“Deixamos passar dois anos, período no qual mais pessoas foram lesadas, para poder corrigir o problema? A função da Controladoria é preventiva, não corretiva ou punitiva”, afirmou o ministro, defendendo a atuação da Polícia Federal, cuja função seria apenas investigativa.

Segundo Costa, nem mesmo o então ministro da Previdência, Carlos Lupi, teria sido informado da real extensão das fraudes. A atuação contra os desvios, segundo ele, deveria ter começado ainda em 2023.

O escândalo, que envolve descontos indevidos em aposentadorias e pensões, ganhou tração popular após o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) publicar um vídeo que viralizou, com mais de 103 milhões de visualizações, utilizando a mesma estética adotada na crise do PIX. Apesar do alcance, o Planalto decidiu não responder institucionalmente por meio da Secretaria de Comunicação (Secom) e delegou ao PT a missão de rebatê-lo politicamente.

A resposta veio em forma de uma cartilha de 30 páginas distribuída pela liderança petista na Câmara, com o título “Desmentido Nikolas Ferreira – INSS”, recheada de argumentos para desmontar o vídeo do deputado bolsonarista. No entanto, a ausência de uma resposta centralizada e oficial levanta questionamentos sobre a estratégia de comunicação do governo diante de uma crise de potencial eleitoral.

Internamente, cresce no PT a defesa pela instalação de uma CPMI do INSS como estratégia para devolver o debate ao campo político. Uma ala do partido vê nisso uma oportunidade para expor que as fraudes começaram nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, e assim neutralizar os ataques da oposição. No entanto, o Palácio do Planalto se mostra contrário à proposta, temendo que a comissão possa dar corpo à narrativa de corrupção e acabar respingando diretamente no presidente Lula.

Enquanto isso, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o INSS explique, em até 15 dias, como será feito o ressarcimento aos aposentados e pensionistas afetados pelos descontos irregulares — mais um ponto de pressão sobre o governo.

No comentário de Pedro Doria no Ponto de Partida, o diagnóstico é claro: o PT ainda tem tempo de evitar um desgaste eleitoral mais profundo. Mas a saída, segundo ele, passa por uma investigação ampla, rápida e transparente. “A fama de corrupto o governo já tem. E é merecida”, disse o colunista, reforçando que cabeças precisam rolar — e rápido — para conter os danos políticos e morais de mais um escândalo envolvendo a máquina pública.

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