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Um dia após acusar o Brasil de violar direitos humanos e perseguir opositores políticos, os Estados Unidos escalaram as tensões diplomáticas ao anunciar novas sanções contra autoridades brasileiras. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou nesta quinta-feira (14) que o governo dos EUA irá revogar vistos de diversos funcionários federais ligados ao programa Mais Médicos, criado em 2013 no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Segundo Rubio, o programa foi um “golpe diplomático inconcebível de ‘médicos’ estrangeiros”, referindo-se aos profissionais cubanos que integraram a iniciativa. Para ele, o Mais Médicos teria sido cúmplice de um “esquema de trabalho forçado do regime cubano”. Como parte das sanções, os EUA também anunciaram a revogação de vistos de ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) que colaboraram com a implementação do programa no Brasil.

Entre os nomes já afetados pela medida estão Mozart Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais da pasta e ex-diretor de Relações Externas da OPAS. A ofensiva diplomática dos EUA se amplia após a decisão de revogar vistos de 8 dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, além do procurador-geral da República.

O novo ataque de Washington coincide com o anúncio de um pacote emergencial do governo brasileiro para conter os efeitos do chamado “tarifaço” imposto pela gestão de Donald Trump sobre produtos brasileiros. Em evento no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva detalhou a linha de crédito de R$ 30 bilhões para exportadores, além do adiamento de tributos e flexibilização das garantias à exportação.

Como contrapartida fiscal, o governo enviará ao Congresso Nacional um pedido de autorização para retirar até R$ 9,5 bilhões da meta fiscal de 2025. Segundo o Palácio do Planalto, a medida é essencial para preservar empregos e manter a competitividade do setor externo brasileiro.

De acordo com estudo do Dieese, as tarifas americanas podem afetar diretamente mais de 726 mil empregos formais no Brasil e comprometer a arrecadação de contribuições como INSS e FGTS. A tensão entre os dois países atinge agora níveis sem precedentes desde a redemocratização e ameaça comprometer relações comerciais e institucionais em diversas frentes.

Apesar do tom ainda contido do Itamaraty, fontes do governo brasileiro avaliam que a retaliação dos Estados Unidos representa uma “quebra de confiança institucional” e discutem possíveis respostas diplomáticas nos próximos dias.

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