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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (10) uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, em uma retaliação política à condução do processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado em 2022. A medida aprofunda a crise diplomática entre os dois países e deve gerar impactos significativos nas exportações brasileiras, especialmente do setor agropecuário.

Em uma carta pública dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump chamou de “vergonha internacional” a maneira como Bolsonaro tem sido tratado no Brasil, acusando o governo e o Supremo Tribunal Federal (STF) de perseguição política. “O Brasil não está sendo bom com os Estados Unidos”, escreveu o presidente americano, exigindo o arquivamento do processo contra seu aliado. A carta foi divulgada em sua rede social, a Truth Social.

A reação do governo brasileiro foi imediata. O Itamaraty classificou a carta como “ofensiva” e “indevida”, convocando novamente o encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar, já que a embaixada americana em Brasília ainda está sem embaixador. A carta foi devolvida formalmente ao governo americano, que ainda não comentou oficialmente sobre o aumento de tarifas.

O presidente Lula respondeu nas redes sociais: “O Brasil vai responder com base na nossa lei da reciprocidade econômica.” Embora não tenha anunciado medidas específicas, o Palácio do Planalto estuda ações comerciais em resposta às sanções. Lula também rebateu as alegações de Trump: “É falsa a informação sobre déficit norte-americano. Ao longo dos últimos 15 anos, os EUA acumularam superávit de US$ 410 bilhões com o Brasil.”

A medida afeta produtos-chave da pauta exportadora brasileira, como carnes, café, sucos, itens florestais e do setor sucroalcooleiro – que, juntos, somaram mais de US$ 9 bilhões em vendas aos EUA em 2024. No total, o comércio bilateral movimentou US$ 40,3 bilhões em exportações brasileiras e US$ 40,6 bilhões em importações dos EUA no ano passado.

A Frente Parlamentar da Agricultura criticou duramente a ação americana e pediu uma resposta “firme” do governo. Nos bastidores, aliados de Bolsonaro tentam desvincular o ex-presidente da retaliação econômica, responsabilizando, nos bastidores, Eduardo Bolsonaro, que desde fevereiro atua nos EUA para pressionar o governo americano contra o STF.

A crise também teve repercussão no Congresso Nacional. Em uma atitude que ampliou a tensão, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprovou uma moção de louvor a Trump, apresentada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ex-líder da bancada evangélica. O texto o exalta como “exemplo de democracia moderna”, em contraponto à posição oficial do governo.

Analistas apontam a gravidade do momento. O colunista Bernardo Mello Franco classificou a carta de Trump como “chantagem explícita pela impunidade de Bolsonaro”. Já o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral alertou para o impacto: “Duzentos anos de relações bilaterais se esvaem com uma canetada; o impacto econômico será substancial.”

Enquanto isso, no STF, o entendimento predominante foi de não se pronunciar oficialmente sobre os ataques. O ministro Flávio Dino, no entanto, reagiu em rede social: “É uma honra integrar um Supremo que protege a soberania, a democracia e as liberdades do povo brasileiro.”

A crise é considerada a mais grave entre Brasil e EUA em décadas e deve marcar um novo capítulo da tensão geopolítica envolvendo os Brics, o dólar e o cenário eleitoral nos dois países.

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