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O governo chinês anunciou uma série de medidas retaliatórias contra as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, ampliando as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Com efeito a partir de 10 de fevereiro, a China aplicará uma tarifa de 15% sobre o carvão e o gás natural liquefeito (GNL) norte-americanos, além de novas restrições às exportações de produtos e uma investigação antitruste sobre o Google. Essas tarifas vêm como resposta à sobretaxa de 10% imposta por Donald Trump sobre todos os produtos chineses, que entrou em vigor no mesmo dia, após o fracasso das negociações entre os países.

As novas tarifas da China também incluem uma sobretaxa de 10% sobre o petróleo bruto, maquinário agrícola e alguns veículos dos Estados Unidos. Em adição, o Ministério do Comércio chinês anunciou restrições à exportação de materiais estratégicos, como tungstênio, e sanções a duas empresas norte-americanas. A medida reflete a crescente pressão econômica entre os dois países, especialmente em um momento em que o governo de Trump alegou que a China tem sido permissiva com o tráfico de fentanil, substância que afeta gravemente os Estados Unidos.

O anúncio de Beijing ocorre em um contexto de recente alívio nas tensões com o México e o Canadá. Trump suspendeu temporariamente as tarifas de 25% que seriam aplicadas sobre os dois países, após negociações intensas com os líderes mexicanos e canadenses. A medida foi condicionada ao compromisso de ambos os países de aumentar a segurança nas suas fronteiras, combatendo o tráfico de drogas. Além disso, o governo canadense se comprometeu a investir US$ 138,5 milhões no combate ao crime organizado relacionado ao fentanil. O acordo teve um reflexo imediato no mercado financeiro: o dólar fechou em queda de 0,38%, cotado a R$ 5,815, após um período de alta impulsionado pelas incertezas comerciais.

Enquanto isso, o Canadá tem demonstrado seu descontentamento com a postura dos Estados Unidos, com cidadãos e políticos manifestando atitudes patrióticas e até realizando boicotes a produtos americanos. A hashtag #BOYCOTTUSA tem ganhado força nas redes sociais, com cidadãos cancelando compras e serviços de origem dos EUA como uma forma de protesto.

Em meio a essa tensão, o renomado analista Gideon Rachman alertou para os impactos dessas tarifas na unidade das alianças ocidentais. Ele observa que as políticas de Trump podem fortalecer uma coalizão informal de países que se sentem ameaçados pelas ações do governo norte-americano, o que, se intensificado, poderia minar a coesão da aliança ocidental, um cenário que seria vantajoso para potências como a Rússia e a China.

Além disso, o magnata Elon Musk tem ganhado destaque por suas ações rápidas e audaciosas no governo dos EUA, com iniciativas que desafiam as estruturas tradicionais do poder público. Em seu novo cargo, Musk tem buscado influenciar políticas e eliminar o que considera o “Estado profundo”, afastando funcionários de carreira e promovendo uma flexibilização das normas governamentais. Suas ações têm gerado controvérsia, principalmente com a tentativa de encerrar a Usaid, uma importante fonte de assistência externa dos EUA, o que provocou críticas internacionais.

As retaliações comerciais e os movimentos internos de poder em Washington indicam que as relações globais estão em um momento de grande instabilidade, com consequências que podem se expandir para além das fronteiras econômicas.

Hugo Motta é eleito presidente da Câmara dos Deputados aos 35 anos

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