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Atraso Escolar Atinge 4,2 Milhões de Alunos no Brasil, Enquanto Piso de Professores É Ignorado por 1/3 dos Municípios

Um levantamento divulgado nesta quinta-feira (26) pelo Unicef, com base no Censo Escolar da Educação Básica 2024, revelou que 4,2 milhões de alunos da rede pública brasileira apresentam dois ou mais anos de atraso escolar. O número representa 12,5% dos mais de 33 milhões de estudantes matriculados na educação básica, e, apesar de expressivo, é ligeiramente menor que o registrado em 2023, quando o índice era de 13,4%.

O atraso é mais frequente entre os alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, que concentram 1,8 milhão dos casos. Já nas séries iniciais (1º ao 5º ano), o número é de 1,03 milhão de estudantes em defasagem. A situação evidencia os desafios persistentes da educação pública no país, especialmente na transição entre etapas do ensino e na permanência dos alunos em idade adequada.

Desigualdade na valorização dos professores

Em paralelo à defasagem de aprendizagem, outro dado preocupa especialistas: a desvalorização do magistério. Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica, divulgado pela organização Todos Pela Educação, um terço dos municípios brasileiros ainda descumpre a lei ao não pagar o piso salarial nacional aos professores da rede pública.

O salário mínimo determinado para uma jornada de 40 horas semanais é de R$ 4.800, mas não é respeitado em 45% dos municípios da região Sudeste, a mais rica do país. Em contraste, as regiões Nordeste e Norte, frequentemente associadas a maiores desafios socioeconômicos, são as que mais garantem o pagamento do piso — com 80% e 73% de adesão, respectivamente.

Para especialistas, a disparidade evidencia não apenas o descaso de parte dos gestores com a valorização docente, mas também as distorções na distribuição de recursos públicos. “É paradoxal que as regiões com menor arrecadação cumpram mais a legislação do que aquelas com maior capacidade fiscal”, aponta um dos coordenadores do estudo.

Desafios interligados

O cenário revela um ciclo problemático: baixos salários contribuem para a evasão de profissionais qualificados do magistério, o que impacta diretamente na qualidade da aprendizagem e no aumento da defasagem escolar. A persistência desses problemas compromete o direito à educação e agrava desigualdades históricas, especialmente entre alunos de contextos mais vulneráveis.

Enquanto os dados mostram avanços tímidos — como a leve redução no índice de atraso escolar —, especialistas reforçam que soluções estruturais exigem investimento contínuo, valorização dos professores e políticas públicas eficazes e sustentáveis.

A combinação entre atraso escolar elevado e desrespeito ao piso salarial reforça o alerta: a educação básica brasileira segue em estado de urgência.

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