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Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República, foi indiciado pela terceira vez, desta vez por golpismo, após a Polícia Federal descobrir um plano de assassinato envolvendo membros do seu círculo mais próximo. A revelação chocou o Congresso, mais do que a própria lista de 37 indiciados, composta por figuras conhecidas, mas que não incluía tamanha gravidade. O envolvimento do ex-presidente e de um de seus principais aliados, o general Braga Netto, que também foi indiciado, em uma trama de execução de autoridades do governo eleito, incluindo o presidente, o vice-presidente e ministros do STF, gerou espanto entre os parlamentares. A investigação revelou áudios que detalham as ações golpistas, destacando a participação ativa do general Mario Fernandes, que teria preparado roteiros para deputados bolsonaristas usarem na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

Porém, a reação de seus aliados tem sido mornamente protocolar. Nos primeiros dias após o novo indiciamento, 23 dos 93 deputados do PL, cerca de 25%, manifestaram apoio a Bolsonaro de forma vaga, sem citar explicitamente o ex-presidente, numa demonstração clara de descontentamento. Nas redes sociais, um número ainda maior, 43 parlamentares (46%), também se posicionaram, mas sem grande ênfase, refletindo o desconforto crescente com Bolsonaro. As críticas, além da indignação por sua falta de retribuição a gestos de lealdade, apontam para o fato de que ele tem dado preferência ao centrão nas eleições municipais, em detrimento de sua base mais fiel.

Esse cenário tem levado a uma fratura interna dentro do PL. Um congressista da legenda afirmou que, caso surja uma liderança forte para enfrentar o PT em 2026, metade do grupo bolsonarista do partido, estimado em dois terços da bancada, está disposta a romper com Bolsonaro. Para muitos, o impacto da notícia sobre os planos de assassinato foi maior do que qualquer discussão sobre o golpe. Como um parlamentar destacou, “a ideia de utilizar o aparato estatal para cometer assassinatos políticos é inimaginável”, com poucos paralelos possíveis, a não ser nos anos de chumbo da ditadura militar.

Enquanto isso, Bolsonaro, em uma transmissão ao vivo, ironizou as investigações, minimizando a seriedade das acusações. Em sua visão, a ideia de um golpe orquestrado por um general da reserva e quatro oficiais superiores é absurda. Seu ex-ministro da Defesa, Braga Netto, também se apressou a negar qualquer envolvimento em um golpe, desqualificando a teoria de um “golpe dentro do golpe” como uma invenção da mídia.

Por outro lado, a análise de Elio Gaspari, colunista de renome, destaca que o Brasil tem conseguido superar as turbulências políticas desencadeadas pelo Palácio do Planalto nos últimos anos, apesar das dificuldades em lidar com as consequências do bolsonarismo. Gaspari lembra que, mesmo com o Judiciário reduzindo o impacto da Lava-Jato, a Justiça terá de decidir o futuro de Bolsonaro e seus aliados.

O caso se desenrola como mais um capítulo da crise política que o Brasil vive desde o fim do governo Bolsonaro, com a sociedade e o Congresso cada vez mais distantes de seu ex-líder e sem respostas claras sobre a extensão do envolvimento de seus aliados em atos golpistas.

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