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Na última terça-feira (19), a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e 36 de seus aliados por uma série de crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. Entre os indiciados estão generais, políticos, policiais e até um padre, acusados de promover uma “organização criminosa” voltada à abolição violenta do Estado democrático de direito. O inquérito, com 884 páginas, foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, agora, aguarda análise do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Caso a Procuradoria-Geral da República aceite as acusações, caberá ao STF julgar os envolvidos.

Os crimes atribuídos a Bolsonaro e aos outros indiciados incluem a tentativa de golpe, desinformação, incitação de militares e ataques ao sistema eleitoral. Dentre os nomes de destaque no inquérito estão os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o deputado Alexandre Ramagem, o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência, e o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente.

Este é o terceiro indiciamento de Bolsonaro, que também está sendo investigado por fraude em cartões de vacinação e pela venda de joias sauditas. A investigação identificou diferentes núcleos de atuação, como desinformação, ataques ao sistema eleitoral e apoio logístico para as ações golpistas. A Polícia Federal individualizou as condutas dos envolvidos, o que permitiu detalhar a participação de cada um.

O tenente-coronel Mauro Cid foi um dos delatores-chave. Durante depoimento, ele revelou detalhes sobre as reuniões de Bolsonaro com os chefes militares, onde o ex-presidente teria discutido estratégias para instaurar um Estado de defesa ou de sítio. Além disso, Cid mencionou o comprometimento de Bolsonaro, que, ao tomar conhecimento dos planos golpistas, não tomou providências para impedir as ações.

Em sua defesa, Bolsonaro criticou o trabalho de Moraes, alegando que o inquérito foi conduzido de forma ilegal. “O ministro Alexandre de Moraes faz tudo o que não diz a lei”, disse. Por outro lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua primeira fala sobre o plano de assassinato que envolvia ele e o vice-presidente Geraldo Alckmin, afirmou: “A tentativa de envenenar eu e o Alckmin não deu certo. Nós estamos aqui”, destacando a resistência do governo democraticamente eleito.

Míriam Leitão e Bruno Boghossian comentaram o simbolismo do indiciamento, ressaltando que ele não só responsabiliza Bolsonaro, mas também coloca militares de alta patente no centro da investigação, quebrando uma tradição histórica em que os militares nunca foram responsabilizados por tentativas de golpe. Eliane Cantanhêde destacou que Bolsonaro, que começou sua trajetória pública acusado de atentados na década de 1980, agora enfrenta uma acusação de tentar explodir a democracia brasileira.

O processo avança para a Procuradoria-Geral da República, que decidirá se formaliza as denúncias, enquanto o país aguarda os desdobramentos dessa investigação histórica, que promete impactar profundamente o futuro político do ex-presidente e do Brasil.

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