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Barbie | O filme que virou fenômeno vale mesmo a pena ser assistido nos cinemas?

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Ela finalmente saiu da caixa e viu que nada é como imaginava, a Barbie tá diferente e até chora. A produção desse filme teve uma trajetória repleta de mudanças e com a participação de mulheres incríveis e poderosas quando ainda um embrião, como Diablo Cody ou Amy Schumer, entre outras. Todas essas estrelas decidiram deixar o projeto pois concluíram que o mesmo não era suficientemente feminista ou crítico em relação a um ícone opressor, sexualizado e machista, que tem influenciado gerações de meninas desde os anos da sua criação. Quando Margot Robbie adquiriu os direitos para finalmente transformar a ideia em realidade, não custou muito para convencer Greta Gerwig a escrever o roteiro, e tudo se encaixou.

Gerwig conseguiu explorar as contradições de Barbie, um mundo em que poucos haviam ousado entrar. Ela acredita que a boneca pode ser inspiração para as garotas, especialmente agora que são fabricados modelos que representam diferentes profissões, tamanhos e etnias. No entanto, quando um personagem entra no mundo real, descobre que os adolescentes do século XXI a rejeitam, associando-a a problemas como machismo, consumismo e falta de consciência ambiental, chegando até mesmo a chamá-la de fascista.

É importante ressaltar que Gerwig não se mostrou condescendente com o universo Barbie, muito pelo contrário. Foi necessário ser um talento brilhante para criar esse roteiro. Além disso, ela precisou ser extremamente grande para convencer o executivo da Mattel (que, afinal, financiariam o projeto) a levá-lo adiante.

Outro ponto interessante é que Gerwig automaticamente retrata a diretoria da Mattel como uma caricatura de homens que sustentam valores machistas. Essa cineasta não hesitou em criticar a empresa que a financiou, e ainda assim, é elogiada por sua coragem.

A história mostra que Gerwig usa a jornada de Barbie atravessando o espelho como uma metáfora para tirá-la de seu mundo, Barbieland, e inseri-la em um universo desconhecido, o dos humanos. Nessa jornada repleta de aventuras (com referências ao clássico ‘O Mágico de Oz’ e seu caminho de tijolos amarelos), são as mulheres que a orientam. Essa abordagem é característica da diretora, apresentada em seus trabalhos anteriores como ‘Lady Bird’ e ‘Adoráveis ​​Mulheres’, onde as redes afetivas e as relações entre mães e filhas são abordadas como veículos de amor e conhecimento.

Os elementos visuais, como a cor rosa amplamente proliferada durante a campanha de promoção, são bem explorados pela talentosa câmera do diretor de fotografia mexicano ‘Rodrigo Prieto’, conhecido por trabalhar com cineastas como Iñárritu e Scorsese. O resultado não decepção, seja nos cenários ou figurinos. As coreografias e músicas, a cargo de Mark Ronson, produtor de artistas como Miley Cyrus, Lady Gaga e Dua Lipa, também são um grande destaque, muitas delas já são hits até dissociados da marca Barbie.

Com uma abordagem ousada e um tom cômico, Gerwig consegue inserir até mesmo uma mensagem reivindicativa, como o “Sim, nós podemos”, na versão original. Será intrigante observar o próximo trabalho de Greta Gerwig, especialmente após ter assinado com a Netflix para uma nova versão de ‘As Crônicas de Nárnia’. Com a Barbie, ela provou ser capaz de ir além do que muitos imaginavam.

Barbie é um filme super divertido, que brinca para nos fazer pensar em coisas realmente sérias, tanto que não há a menor pretensão de ser perfeito, inclusive descansa ao não explicar seus momentos mais loucos, mas vale a pena viajar para a Barbieland e conferir o filme mais esperado do momento, nos cinemas.

Barbie o filme

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20 de julho de 2023 No cinema / 1h 55min / Aventura, Comédia, Família Direção: Greta Gerwig Roteiro Greta Gerwig, Noah Baumbach Elenco: America Ferrera, Ariana Greenblatt, Simu Liu

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