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Como era amplamente esperado, o Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, em um ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão foi unânime entre os nove diretores do Comitê de Política Monetária (Copom) e marca a primeira reunião sob a presidência de Gabriel Galípolo. Em sua ata, o Comitê destacou que, diante do cenário adverso para o controle da inflação, há a previsão de um novo ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. A projeção do Banco Central é que a Selic ultrapasse os 15% ao ano até meados de 2025, o que representaria o maior nível dos últimos 20 anos.

No cenário internacional, o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos também manteve sua taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,5%. A decisão interrompe a série de reduções que havia começado em setembro do ano anterior. Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que o forte crescimento econômico e um mercado de trabalho robusto permitem aguardar mais evidências de queda da inflação antes de novas mudanças na taxa. A estabilização dos juros no nível atual também permite uma análise mais cautelosa sobre os impactos das políticas econômicas de Trump, incluindo questões sobre imigração, tarifas e impostos.

Essa estabilidade nos juros americanos tem repercussões globais. Como o dólar e os títulos públicos dos EUA são considerados os investimentos mais seguros do mundo, a manutenção de taxas mais altas no mercado norte-americano tende a aumentar os juros globalmente, à medida que os países competem para atrair capital para seus mercados.

A elevação da Selic no Brasil e suas possíveis consequências nos próximos meses foram analisadas por especialistas. José Paulo Kupfer, por exemplo, alertou que o comunicado do Copom, considerado duro, sugere que as taxas de juros seguirão subindo até, pelo menos, março de 2025. No entanto, ele ressalta que sinais de desaceleração econômica ou recessão poderiam conter a alta dos juros na segunda metade do ano.

No cenário político, a decisão do Banco Central não passou despercebida. O PT, partido do presidente Lula, se viu novamente em meio a um debate sobre as altas taxas de juros. A nova gestão do partido, liderada por Lindbergh Farias na Câmara, criticou o mercado financeiro e acusou os especuladores de realizar “terrorismo econômico”. A nota oficial de Farias fez questão de apontar as críticas ao antecessor de Galípolo, Roberto Campos Neto, que deixou a presidência do Banco Central no final de 2023, após anos de divergências com o governo petista.

Esse cenário de juros elevados e as tensões políticas que se seguem mostram o desafio para o governo federal no controle da economia, enquanto a inflação e o crescimento continuam a ser os principais pontos de atenção para os próximos anos.

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